TERCA, 30/06/2020, 17:57

Burocracia atrapalha certificação de respirador mecânico desenvolvido aqui em Londrina

Empresário conta que, apesar das dificuldades, projeto segue firme e forte e primeiro teste do aparelho deve ser feito no Hospital do Câncer nos próximos dias e torce por aprovação de projeto de Lei no Congresso Nacional.

No mercado internacional a oferta do equipamento é pequena já há alguns meses. Além disso, a situação de emergência gerada pela pandemia e o fato do equipamento ser uma das poucas chances de sobrevivência de quem tem casos mais graves da Covid-19, deveriam ser fatores para acelerar o processo. Mas não foi o que se viu.

É o que afirma o empresário londrinense da área de automação industrial Rômulo Petruy, que há quase dois meses tenta certificar o respirador mecânico desenvolvido pela empresa dele e do sócio Thiago Lopes. O empresário explica que o respirador desenvolvido por eles, é um aparelho de grau 3, considerado um dos mais avançados entre todos os ventiladores mecânicos existentes no mercado.

Rômulo Petruy conta ainda que, apesar de alguns passos importantes no processo, a burocracia é, até agora, o principal entrave para que o respirador já estivesse nos hospitais salvando vidas.

Rômulo Petruy explica que o protótipo do equipamento, que levou 40 dias para ficar pronto e tem tecnologia quase 100% nacional, já funciona desde maio. A operação do AGP-2020, como foi batizado o aparelho, é feita por uma tela de toque. Ele trabalha também integrado a um aplicativo que permite ao intensivista acompanhar, à distância, a operação do equipamento e a saúde do paciente.

O empresário diz que a boa notícia, além do teste do equipamento no Hospital do Câncer já nos próximos dias, é um projeto de Lei que tramita no Congresso Nacional e que deve agilizar o processo de certificação do respirador.

O empresário conta que que o a ideia do projeto começou lá no início da pandemia, ainda em março, após a esposa dele, que tem bronquite, ter ficado bem assustada com a doença e as notícias que chegavam. E ele assumiu o compromisso de fabricar o equipamento.  A voz feminina no alarme do ventilador é da esposa dele e as iniciais dela deram origem ao nome do equipamento.

O empresário, que se diz osso duro de roer, afirma ainda que mesmo com toda burocracia e dificuldades, o projeto segue firme e forte e a empresa vem recebendo inclusive pedidos de cotação diariamente.

A empresa, segundo Rômulo Petruy, está preparada para fabricar, em um primeiro momento, pelo menos 200 unidades ao mês, e que apesar da certificação ainda não ter saído, os dez primeiros respiradores já estão na linha de produção.

Segundo o empresário, o preço do ventilador mecânico londrinense gira em torno de R$ 120 mil, menos da metade do valor médio dos equipamentos importados, que podem chegar a custar até R$ 300 mil.

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