SEGUNDA, 16/10/2017, 07:42

Câmara de Londrina cassa o mandato de Boca Aberta

Resultado saiu após quase nove horas de sessão neste domingo

Emerson Petriv, conhecido no meio político como Boca Aberta, tornou-se neste domingo o segundo vereador cassado na história de Londrina. Em 2008, Orlando Bonilha abriu a lista em uma sessão que durou menos de duas horas, bem diferente da do agora ex-parlamentar do Partido Republicano, o PR. O julgamento começou pontualmente às oito horas da amanhã com a leitura de mais de 200 páginas do processo aberto pela Comissão Processante para investigar Boca Aberta por quebra de decoro.

Ele foi denunciado pela enfermeira e servidora municipal Regina Amâncio depois de ter pedido dinheiro nas redes sociais para pagar uma multa da Justiça Eleitoral. A leitura das partes da investigação da CP se estendeu até às 14h30 da tarde. Logo depois, o advogado Eduardo Duarte Ferreira, defensor de Boca Aberta, fez um discurso efusivo e altamente ácido. Ele direcionou críticas aos integrantes da comissão, como o vereador Rony Alves, do PTB, que atuou como relator.

No final de semana, Ferreira tentou cancelar o julgamento ao ingressar com uma liminar no Tribunal de Justiça, mas o pedido foi indeferido. Outra tentativa foi convencer o Plantão Judiciário de Londrina a conceder suspeição de quatro vereadores que participaram da votação e atualmente processam Boca Aberta nas esferas cível e criminal. A solicitação, no entanto, também não prosperou.

No final da manhã, uma surpresa. Regina Amâncio apareceu na Câmara para acompanhar a sessão. Ao subir para as galerias da Casa, ela teria sido intimidada por apoiadores de Boca Aberta.

Depois do princípio de confusão, a servidora permaneceu por quase uma hora em uma das dependências do Legislativo. Escoltada por seis guardas municipais, ela deixou a Câmara pouco depois em um táxi.

No plenário, após o discurso de Eduardo Duarte Ferreira, Boca Aberta pegou o microfone e, durante uma hora, alegou ser inocente. Nos minutos finais, o ex-vereador ajoelhou-se, chorou e pediu clemência aos colegas de Casa. Porém, a súplica não foi suficiente para mudar o pensamento dos parlamentares, que decidiram pela cassação do mandato. Foram 14 votos a favor e cinco contra: Guilherme Belinati, Daniele Ziober, Roberto Fu, Jairo Tamura e o próprio Boca Aberta.

Após o resultado, ele abraçou eleitores em uma das galerias da Câmara. Em entrevista coletiva, Boca Aberta criticou a votação.

Com o mandato cassado, Boca Aberta permanecerá inelegível por oito anos. Quem assume o lugar dele na Câmara é José Roque Neto, cargo comissionado do prefeito Marcelo Belinati. O presidente do Legislativo, Mário Takahashi, do PV, explicou como será a convocação do suplente.

REPÓRTER RAFAEL MACHADO

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