QUARTA, 03/03/2021, 19:07

Com pandemia, brasileiro comeu menos carne bovina em 2020

Consumo no país recuou aos níveis de 15 anos atrás, mas crescimento das vendas para o mercado internacional e reconhecimento do estado como área livre de aftosa sem vacina são apostas do setor para 2021.

O brasileiro comeu menos carne bovina no ano passado. Em média, foram pouco mais de 27 quilos ao longo de todo 2020, mesmo patamar de 15 anos atrás. Só para se ter uma ideia do tamanho dessa redução, o pico do consumo no país foi registrado em 2013, com a média per capita chegando a 33 quilos.

E como causas dessa queda de mais de 10% nas vendas para o mercado interno, segundo levantamento da Federação da Agricultura do Estado, a FAEP, os reflexos da crise gerada pela pandemia, com o desemprego em alta e a redução da renda, e o aumento expressivo nos preços do produto. No Paraná, por exemplo, a carne bovina subiu 35% no varejo e esse cenário não deve mudar significativamente a curto prazo, aponta o estudo.

Em contrapartida, apesar do mercado interno ainda ser o principal comprador da carne bovina, com 80% do total, as exportações do setor tiveram uma alta significativa no ano passado, passando de 20% para 26%. Destaque para a China, que comprou 71% da carne bovina nacional.

E um fator que pesou bastante nessa conta foi a cotação do dólar acima dos R$ 5, o que tornou a exportação uma alternativa ainda mais atrativa e rentável para os frigoríficos. O aumento nas vendas para fora, segundo Guilherme Dias, do Departamento Técnico Econômico da FAEP, responsável pelo estudo, também acabou ajudando a manter os preços do mercado interno aquecidos e a reduzir o consumo.

A queda do consumo no país durante a pandemia só não foi maior, de acordo com o levantamento, por conta do auxílio emergencial, que chegou a 64 milhões de brasileiros, afirma Guilherme Dias. Para ele, o setor deve ter um 2021 de boas vendas no mercado externo, mas para o consumidor brasileiro deve ser um ano ainda difícil, com preços altos no varejo.

O especialista da FAEP explica que o estado também vive a expectativa de conquistar, em maio, o status de área livre de aftosa sem vacinação, o que deve trazer reflexos diretos no volume de exportações, não só de carne bovina, mas também de outras proteínas de origem animal.

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