SEGUNDA, 26/11/2018, 06:50

Concessionária reativa praça de pedágio antiga para compensar fechamento da de Jacarezinho

Liberação das cancelas no Norte Pioneiro e redução nos preços da praça de Jataizinho foram determinadas por decisão judicial, que também quer limitar o reajuste nos valores cobrados em todo o estado, marcado para o início de dezembro.

A concessionária Econorte começou no sábado o trabalho de reativação da praça de pedágio de Cambará, no Norte Pioneiro do Paraná. A expectativa é de que os motoristas já passem a pagar a tarifa no local ainda nesta segunda-feira. A reabertura do espaço, que precisou passar por uma reforma, foi feita para compensar o fechamento da praça de Jacarezinho, determinada por uma decisão da Justiça Federal na última semana.

A praça de Cambará, na BR-369, funcionou entre 1998 e 2002, quando a concessionária conseguiu um aditivo para transferir as atividades para a praça de Jacarezinho. Agora, com as cancelas abertas nesse espaço desde a tarde de sexta-feira, a concessionária fez a transferência da cobrança para a praça antiga. Em Jacarezinho, os motoristas pagavam R$ 20,30 de pedágio, possivelmente o mesmo valor a ser praticado em Cambará.

A tarifa passa a ser a mais cara do estado, uma vez que a mesma decisão que desativou a praça de Jacarezinho também derrubou o valor cobrado pela praça de Jataizinho, na região de Londrina, de R$ 22 para R$ 16,10. Ou seja, a liminar mexeu com as duas tarifas mais caras do estado.

Para o deputado estadual Tercílio Turini, do PPS, que acompanha a questão do pedágio há pelo menos dez anos, essa é a primeira vez, desde o início do modelo de concessões, em 1997, que o motorista está sendo beneficiado de alguma forma.

A liminar é um desdobramento da Operação Integração, que apura, desde fevereiro deste ano, um suposto esquema de corrupção que relacionava a apresentação de aditivos aos contratos de pedágio ao pagamento de propina. De acordo com as investigações, a organização criminosa, formada por agentes públicos e representantes das concessionárias, causou um prejuízo de mais de meio bilhão de reais aos cofres do Estado, com a criação de aditivos superfaturados, o aumento exagerado de tarifas e as negociatas envolvendo a instalação de praças nas rodovias federais que passam pelo Paraná e estão no chamado Anel de Integração.

Na decisão, a Justiça Federal determina o bloqueio de R$ 1 bilhão em bens da Econorte e pede o início imediato das obras do Contorno Norte de Londrina, prometidas há mais de 20 anos, mas que, até agora, passaram longe de sair do papel. A liminar também limita o reajuste nos valores do pedágio em todo o estado ao índice da inflação, que, no acumulado do ano, gira em torno dos 3,8%. Normalmente, as concessionárias anunciam o aumento no início de dezembro, mas há expectativa de que, por conta de toda a situação de corrupção envolvendo o atual modelo de concessão, as empresas fechem 2018 sem a apresentação da nova tabela.

Por Guilherme Batista

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