QUARTA, 21/11/2018, 19:22

Cubanos do Programa Mais Médicos começam a paralisar atendimento na região de Londrina

Suspensão foi determinada pelo governo de Cuba, que rompeu com o projeto após declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro. Possível debandada de profissionais preocupa 17ª Regional de Saúde.

Desde terça-feira, o pequeno município de Assaí, localizado a 45 quilômetros de Londrina, está precisando se virar pra dar conta da grande demanda da rede pública de saúde. O motivo? A falta de médicos.

Quatro dos seis médicos do município pararam de trabalhar de uma hora pra outra. São profissionais cubanas, que atuavam na cidade há pelo menos três anos por meio do Programa Mais Médicos. Como o Governo de Cuba rompeu o acordo que tinha com o Ministério da Saúde, após declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro sobre uma possível revisão no acordo, as médicas foram orientadas a paralisar o atendimento nos postos de saúde.

A comitiva estrangeira representava quase 70% do total de médicos de Assaí. Agora, a cidade conta com apenas dois profissionais, que estão precisando fazer hora extra para dar conta dos atendimentos e consultas. A situação da pequena cidade, de pouco mais de 15 mil habitantes, preocupa o diretor da 17ª Regional de Saúde, José Carlos Moraes.

Outro município da região que preocupa é o de Jataizinho. Por lá, quatro dos cinco médicos são cubanos. Eles devem deixar o trabalho até o final deste mês. O Governo do Estado espera, agora, pela reposição dos profissionais por parte do Ministério da Saúde, que já abriu um novo processo seletivo pra contratação de novos médicos. Até o final da tarde desta quarta-feira, quatro mil inscrições já haviam sido feitas pela internet.

José Carlos Moraes destaca que o poder público pretende adotar algumas medidas paliativas pra evitar com que o atendimento seja afetado seriamente, pelo menos até o próximo dia sete, quando, segundo ele, os novos contratados já devem começar a trabalhar.

Em Londrina, a situação é um pouco menos problemática. Apenas dez dos 81 médicos da cidade são cubanos. A informação repassada pela Secretaria Municipal de Saúde é de que dois deles já pararam de trabalhar. O restante, segundo o prefeito Marcelo Belinati, teria se comprometido a continuar com o atendimento até o final do mês.

Na região de Londrina, são 53 médicos atuando pelo programa federal, sendo que 23, ou seja, quase metade deles, são cubanos. Em todo o estado, o número de profissionais chega a 458, e 230 devem voltar para Cuba nos próximos dias.

Por Guilherme Batista

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