QUINTA, 17/12/2020, 16:40

Grupo suspeito de fraudar licitação em Arapongas, no Norte do Paraná, teria causado prejuízo de quase R$ 1 milhão e tentado barrar investigação

Ministério Público descobriu um grande esquema de corrupção suspeito de pagar até R$ 22 mil por mês de propina a vereadores para ficar à frente de serviço na Câmara Municipal.

O contrato foi firmado para que a empresa, de Maringá, prestasse o serviço de digitalização de documentos da Câmara Municipal de Arapongas. Até aí, tudo bem. O problema é que o acordo entre a terceirizada e o Legislativo, iniciado em 2013, foi se estendendo cada vez mais. Passou um, dois, três anos. E nada de o serviço chegar ao fim. O contrato, aparentemente “eterno”, foi alvo de uma investigação do Ministério Público, que, em 2017, descobriu que ele era administrado por um grande esquema de corrupção. Na quinta-feira, as equipes voltaram às ruas em Arapongas e Maringá para o cumprimento de mais mandados de busca e apreensão contra a suposta organização criminosa, formada, segundo as investigações, por empresários e vereadores.

Doze ordens judiciais foram cumpridas, três delas em gabinetes de servidores da Câmara, durante a segunda fase da operação, denominada Control Z. De acordo com o Ministério Público, os empresários envolvidos efetuavam o pagamento de propina aos agentes públicos para que o contrato fosse estendido por meio de aditivos. O ex-presidente da Câmara, vereador Valdeir Pereira, por exemplo, que teve o mandato cassado meses após ser preso durante a primeira fase da operação, há três anos, teria recebido, mensalmente, R$ 16 mil, R$ 18 mil até R$ 22 mil de vantagem indevida. Em troca, ele teria orquestrado o firmamento do contrato, fechado após a realização de uma licitação superfaturada, segundo o Ministério Público, e, posteriormente, trabalhado para que o acordo fosse mantido. Ainda conforme o MP, o prejuízo causado pela organização aos cofres públicos pode chegar a R$ 1 milhão.

A ousadia do grupo era tão grande que, logo após a deflagração da primeira fase da operação, alguns integrantes trocaram mensagens de áudio com o objetivo de definir a divisão das custas com os advogados, e até a possibilidade de uma conversa com representantes do Judiciário em Arapongas para que a investigação fosse barrada.

Nesta segunda fase, o MP pediu a quebra dos sigilos telefônico, bancário e fiscal dos investigados, e também para que cerca de R$ 930 mil deles fossem bloqueados. Com o material apreendido na quinta-feira, os promotores esperam identificar outras pessoas, entre empresários e servidores, que também participaram do esquema.

A CBN entrou em contato com o Ministério Público, mas recebeu a informação de que o órgão só iria se manifestar sobre a operação por de meio de nota. O advogado do ex-vereador Valdeir Pereira também foi procurado, assim como a Câmara Municipal de Arapongas, mas não enviaram resposta até o fechamento desta reportagem.

Por Guilherme Batista

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