QUARTA, 29/04/2020, 18:33

Inflação de março, que registrou menor índice em 26 anos, é reflexo da pandemia, avalia economista

Para Marcos Rambalducci, por conta da redução geral no consumo, existe até a possibilidade de deflação nos próximos meses.

A alta de apenas 0,07% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, em março, divulgada pelo IBGE, foi o menor resultado da inflação para o mês desde o início do Plano Real, lançado em 1994. Para o economista e professor da UTFPR, Marcos Rambalducci, a queda é um reflexo claro da crise gerada pela pandemia de Covid-19. O economista cita a baixa expressiva do petróleo no mercado internacional e o forte choque, tanto na demanda quanto na oferta, como causas desse índice de inflação.

Nesse cenário de perdas, Rambalducci cita a queda do índice de inflação do setor industrial, de 0,05% no mês, além de uma já esperada redução de 0,14% no segmento de serviços. Por outro lado, o setor de alimentação foi um dos que se beneficiou com o momento. O isolamento social ampliou o consumo de alimentos e a oferta acabou reduzida, gerando com isso preços maiores.  De acordo com o IBGE, o grupo Alimentação e Bebidas apresentou a maior alta na inflação, passando de 0,11% em fevereiro para 1,13% em março.  

Apesar disso, o economista avalia que existe a possibilidade de uma queda nos preços dos alimentos.

Entre os alimentos que devem ter os preços reduzidos nas próximas semanas, Rambalducci cita o açúcar, já que a produção de álcool não vem compensando para a indústria, e o feijão.

O economista acredita, inclusive, que, nos próximos meses existe a possibilidade de inflação negativa, a chamada deflação, por conta da forte queda geral no consumo. 

O IPCA é medido todos os meses em mais de 28 mil estabelecimentos visitados pelos pesquisadores do IBGE. Por causa da pandemia os preços foram coletados presencialmente só até 18 de março e a partir dessa data passaram a ser pesquisados na internet.

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