TERCA, 26/02/2019, 19:41

Juiz de Rolândia pede afastamento de ação criminal da Operação Patrocínio e critica promotor do Gepatria

Magistrado deixa o caso após o Ministério Público denunciar que a filha dele assumiu um cargo na Prefeitura.

A decisão foi comunicada oficialmente ao poder judiciário na tarde desta segunda-feira, em uma declaração de suspeição assinada pelo próprio magistrado. No documento, o juiz criminal de Rolândia, Alberto José Ludovico, responsável pela Operação Patrocínio, decidiu atender a recomendação feita pelo Ministério Público e se afastar do caso, que apura um suposto esquema de fraudes em licitações da Prefeitura.

O magistrado critica o promotor Renato de Lima Castro, autor da recomendação, diz que as normas processuais foram ignoradas e que ele teria usurpado de atividades que são próprias da Corregedoria do Tribunal de Justiça.

O juiz Alberto José Ludovico afirma ainda no documento que o promotor editou a recomendação sem colher um mínimo de informação sobre os fatos e preferiu divulgá-la pela imprensa, “como aliás é de seu perfil, posando de senhor da verdade absoluta”, associando o nome dele e da filha a diversos investigados pela Operação. “Deixando transparecer aos menos avisados que estariam com eles comprometidos”.

O magistrado afirma ainda que “a ofensa leviana e cruel” atingiu não só a pessoa dele, mas a família e que os 35 anos como juiz sempre foram exercidos com total dedicação e absolutamente sem nenhuma mácula. E finaliza dizendo que, com isso, não há mais possibilidade de conduzir o procedimento criminal, já que estabeleceu-se uma “animosidade pessoal entre os protagonistas do caso”.

Na recomendação, o promotor citou o chamado transnepotismo e uma suposta troca de favores entre os poderes, tanto no caso da filha do magistrado, Caroline Ludovico, nomeada para um cargo na secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico um dia após a volta do Prefeito ao cargo, quanto no de Odivaldo Alves, que assumiu a pasta municipal da Infraestrutura e é tio do vereador Irineu de Paula, que presidiu a Comissão Processante aberta para investigar Luiz Francisconi. Irineu de Paula se absteve de votar no dia do julgamento do prefeito na Câmara de Vereadores da cidade.

A nomeação dos dois durou apenas 48 horas, já que o prefeito de Rolândia atendeu outra recomendação do MP e decidiu exonerar os funcionários comissionados.

O vereador Irineu de Paula não atendeu nossas ligações. Não conseguimos contato com Caroline Ludovico e Odivaldo Alves.

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