QUINTA, 22/07/2021, 16:16

Mulher que mora com as duas filhas em antiga capela mortuária, na zona sul de Londrina, pode ser "despejada"

Moradora vive há dois anos em um espaço público que, segundo a Defesa Civil, corre risco de desabamento. Ela não sabe para onde ir.

A antiga capela mortuária do jardim Franciscato, na zona sul de Londrina, serve de moradia para a Cirlei de Novaes e as duas filhas delas, de seis e um ano de idade, há pelo menos dois anos. A mulher, que era moradora de rua, viu no espaço a oportunidade de criar as duas meninas com um pouco mais de dignidade. A família vive em um cômodo construído ao lado da antiga capela, que chegou a ser usada como mocó antes da mudança. No único cômodo, Cirlei mantém um colchão para dormir com a filha mais velha e o berço da mais nova. Para comer, ela depende do Bolsa Família e da ajuda dos vizinhos. Tudo ia relativamente bem até a última semana, quando servidores da prefeitura foram até o local para entregar uma ordem de despejo para a mulher. No ofício, da Secretaria Municipal de Gestão Pública, é solicitado para que Cirlei desocupe o espaço público. De acordo com o documento, ela teria até a próxima quarta-feira para deixar o local. O problema é que a mulher não sabe para onde ir.

Em entrevista à RIC, a mulher contou que chegou a ter o nome sorteado no último processo da Cohab, a Companhia de Habitação do município. Ela seria um dos agraciados com os apartamentos do residencial Alegro Villagio, no conjunto Jamile Dequech, também na região sul da cidade. O problema é que as obras do empreendimento estão paralisadas e longe de serem realmente entregues.

Sobre esse caso, a Prefeitura de Londrina se manifestou por meio de uma nota, informando que a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil fez uma vistoria na antiga capela, e constatou que a cobertura do imóvel estava em "condições precárias, havendo risco de algumas vigas de madeira de sustentação do telhado ceder, em razão de sinais de envergamento".

O poder público pretende demolir o prédio após a desocupação por parte de Cirlei e as duas filhas. Na nota, o município informou que orientou a moradora acerca dos riscos da estrutura, "reforçando a necessidade de desocupação". Como Cirlei disse que não tem para onde ir, a prefeitura encaminhou o processo, segundo a nota, à Secretaria de Assistência Social e à Cohab, para que seja analisada a "possibilidade de inclusão da família em programas" assistenciais e habitacionais do município.

Por Guilherme Batista

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