QUARTA, 07/08/2019, 19:06

Nomeado para Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Filipe Barros afirma que órgão teve atuação enviesada até agora e privilegiou apenas parte da história

Deputado federal londrinense diz não ter recebido nenhuma missão específica de Bolsonaro na Comissão e defendeu governo do presidente, com quem afirma ter uma relação muito boa. 

Nomeado recentemente para uma das sete vagas da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do Governo Federal, o deputado federal londrinense Filipe Barros conversou com a reportagem da CBN Londrina sobre os sete primeiros meses do governo, sua relação com Bolsonaro e o que pretende fazer na Comissão, entre outros assuntos.

A nomeação do deputado foi definida em meio a uma polêmica. A troca de quatro membros da Comissão, entre eles Barros, veio uma semana após o colegiado declarar que a morte do pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, durante a ditadura militar foi provocada pelo Estado.

Em entrevista a jornalistas em Brasília, dias depois, Bolsonaro abordou o tema enquanto criticava a atuação da OAB na investigação sobre o atentado que sofreu durante a campanha e disse que um dia contaria ao presidente da Ordem como o pai morreu, e que ele não iria querer saber a verdade.

A declaração gerou muitas reações contrárias. Inclusive do Supremo Tribunal Federal, que pediu explicações a Bolsonaro sobre a declaração.

Perguntado sobre o fato de assumir a vaga na Comissão em meio à polêmica, Barros não comentou o assunto diretamente, mas questionou o trabalho de composições anteriores do colegiado, que, para ele, teriam violado o direito à memória do país ao privilegiar apenas uma versão dos fatos. 

O deputado conta que a sondagem para o cargo foi feita em maio pelo próprio presidente e pela ministra da Mulher e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e que decidiu aceitar a missão de imediato por já ter experiência na área desde os tempos da graduação em direito na UEL.

Hoje é membro da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos do Parlamento do MercoSul. A relação do deputado com a área vem desde a época em que era vereador aqui em Londrina, quando integrou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal.

Questionado sobre como pretende conduzir seu trabalho na Comissão, Filipe Barros afirmou não ter recebido nenhuma missão específica do presidente, mais uma vez falou do que avalia como uma visão enviesada do colegiado e que só a partir do momento em que assumir o cargo vai ter uma noção mais completa do que foi feito até agora.

Barros, que foi eleito deputado federal com mais de 75 mil votos e participou do governo de transição Temer/Bolsonaro, avalia que os sete primeiros meses do novo presidente no cargo são positivos e representam uma mudança na forma de fazer política no Brasil, sem o famoso “toma lá dá cá”. 

Além de Barros, foram nomeados para a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do Governo Federal, Marco Vinicius Pereira de Carvalho, ex-assessor especial da ministra Damares Alves, o coronel da reserva do Exército, Weslei Antônio Maretti e Vital Lima Santos, funcionário da chefia de gabinete do Ministério da Defesa.

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