QUARTA, 30/09/2020, 18:43

Projeto quer combater uma triste realidade brasileira, os altos índices de violência contra professores

Além de divulgar e discutir o problema, que continua ocorrendo mesmo durante a pandemia, iniciativa de Universidade particular pretende aprovar também um projeto de lei de iniciativa popular.
 

O Brasil é o 1º colocado no ranking mundial da violência contra professores. O dado triste é de um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a OCDE. No ano passado, uma pesquisa feita pelo Sindicato dos Professores de São Paulo revelou que um a cada dois professores do estado já tinha sofrido algum tipo de agressão, seja verbal, a maior parte delas, o assédio moral, o bullying, ou agressões físicas, que representam a menor parte mas são as que mais causam danos à saúde dos profissionais.

No Paraná, a situação não é muito diferente. Rogério Nunes, secretário de Assuntos Jurídicos da APP Sindicato, que representa os professores da rede estadual, afirma que uma pesquisa feita recentemente pela UEL revelou que 85% dos entrevistados relataram alguma interferência das agressões na sua saúde. Ele afirma ainda que o problema já foi revelado por outros levantamentos e é uma realidade de todo o país.

Rogério Nunes, que é professor de sociologia, avalia ainda que as escolas não são uma ilha e refletem o histórico de desigualdade e de violência da própria sociedade brasileira.

Um problema que precisa ser combatido urgentemente pela sociedade brasileira, avalia a professora doutora Andréa Lago, uma das responsáveis pelo projeto desenvolvido pela Unicesumar, que além de trazer a discussão do problema à tona, também vai elaborar a 1ª Lei nacional de combate à violência contra os professores.

A professora compara a situação atual nas escolas ao cenário da violência contra a mulher no Brasil antes da Lei Maria da Penha. Andréa Lago afirma que a proposta é prevenir e combater a violência nas escolas em três frentes, uma legislação bem elaborada, a conscientização e a mobilização social.

Para se tornar lei a proposta de iniciativa popular precisa recolher mais de 1 milhão de assinaturas. Por ser uma lei federal, o projeto, que é coordenado em parceria com o também professor da Unicesumar, Ivan Dias Motta Lago, terá desdobramentos a nível estadual e municipal.

Para a professora, que tem uma atuação profissional ligada principalmente à questão da violência escolar, os números reafirmam a necessidade do país tratar o tema com urgência. Ela avalia que as consequências deste cenário são, a queda na qualidade do ensino e cada vez mais docentes deixando as salas de aula, seja por medo ou por distúrbios psicológicos.

A pandemia pode ter tirado os professores das salas de aula, do contato físico com os alunos, mas não acabou com as situações de violência, explica Andréa Lago.

Para incentivar a aprovação do Projeto de Lei em Brasília, a iniciativa de conscientização, desenvolvida pela Universidade é apoiada por uma campanha de comunicação criada para que se consiga arrecadar as mais de 1 milhão de assinaturas necessárias. A minuta do Projeto de Lei e outros detalhes da iniciativa estão no endereço eletrônico heroisdaeducacao.com.br.

Comentários