SEGUNDA, 16/09/2019, 06:54

Setor produtivo local lamenta corte de 43% anunciado para o Fundo do Audiovisual

Para quem trabalha na área, redução de verbas deve frear melhor momento da produção audiovisual londrinense.

Com o corte de 43% anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro, na semana passada, o orçamento do Fundo Setorial do Audiovisual para 2020 deve cair quase pela metade e receber pouco mais de R$ 415 milhões. Cerca de R$ 300 milhões a menos que agora em 2019. É o menor repasse desde 2012, quando o FSA recebeu pouco mais de R$ 112 milhões. O corte foi proposto em um projeto de lei apresentado ao Congresso pelo Governo.

A maior redução foi anunciada para os chamados investimentos retornáveis, uma linha de recursos que permite a participação de empresas e projetos e no qual metade do valor financiado retorna para o setor. No ano que vem, em vez dos R$ 650 milhões atuais, serão apenas R$ 300 milhões. O apoio direto a projetos audiovisuais também será afetado. Do R$ 3,5 milhões de 2019, deve passar para R$ 2,5 milhões no ano que vem.

Apesar da redução geral no valor total do Fundo para 2020, algumas linhas devem ter aumento de recursos. No caso do financiamento do setor audiovisual, que seria um empréstimo a empresários ou produtoras, a previsão para o ano que vem é de R$ 97 milhões, contra os atuais R$ 50 milhões. Sócio da Kinopus, produtora criada em 2004 aqui na cidade e que tem trabalhos realizados para o cinema, tv e internet, o diretor, roteirista e produtor londrinense, Rodrigo Grota, diz que a cidade começava a colher os frutos de uma produção cada vez mais forte e diversificada e lamenta o corte de recursos para o setor.

Grota, que já dirigiu 13 filmes, entre eles o premiado longa metragem Leste Oeste, uma das últimas produções locais de peso, avalia que Londrina vive seu melhor momento na produção audiovisual e cita a criação do Arranjo Produtivo Local, como um dos fatores de organização e desenvolvimento do setor na cidade.

O Fundo Setorial do Audiovisual é gerido pela Agência Nacional do Cinema, Ancine, e foi criado em 2006. O secretário Municipal de Cultura,Caio Cesaro, também lamenta a perda de recursos para o setor, um grande empregador em diversas áreas, mas diz esperar por uma reversão dos cortes anunciados.

O descontentamento de Bolsonaro com a Ancine ficou evidente em julho, quando o presidente chegou a dizer que iria acabar com a agência. Em seguida recuou e disse que colocaria um filtro na Ancine.

A polêmica mais recente foi por conta de um edital que previa o financiamento de filmes com temática LGBT e que acabou cancelado por Bolsonaro.

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