O Tribunal de Contas do Estado encaminhou 18 notificações a quatro municípios paranaenses pedindo explicações sobre vacinas contra a Covid-19 aplicadas em um prefeito, três ex-prefeitos e dezenas de vereadores. Segundo o TCE, eles aparentemente não se enquadram em nenhum dos grupos prioritários para imunização definidos pelo Ministério da Saúde. O Tribunal pediu ainda informações sobre casos dos chamados multivacinados, quando o portador de um CPF recebeu diversas doses.

Há casos de vereadores vacinados como "motorista de ambulância" e de políticos vacinados apenas com a justificativa "outros". Entre os supostos fura-filas, destaque para um vereador sem formação superior que foi vacinado como farmacêutico; de outro que, apesar de ser motorista do município, foi imunizado como médico; e ainda o de uma vereadora que recebeu a vacina por ser ex-sócia de uma clínica pertencente ao marido.

No total, foram 1.790 casos de possíveis fura-fila em 82 cidades, entre multivacinados e casos de agentes políticos supostamente imunizados irregularmente, neste último caso, foram 482 situações, explica o coordenador-geral de Fiscalização do TCE, Rafael Ayres, mas apenas 14 delas com indícios fortes de irregularidade.

As informações foram fornecidas pela Controladoria-Geral da União e Tribunal de Contas da União e as prefeituras têm cinco dias para enviar as justificativas. Caso não consigam, os gestores ficam sujeitos a uma Tomada de Contas, que pode resultar em multas e outras penalidades, além de responderem administrativamente e na justiça por improbidade e crimes como peculato e corrupção. O coordenador de Fiscalização do TCE diz que no caso dos políticos fura-fila dos quatro municípios notificados é pouco provável que tenha havido alguma falha técnica.

Segundo o coordenador, apenas um dos quatro municípios notificados por vacinação irregular de políticos é de grande porte. Ainda de acordo com ele, o município campeão de multivacinados no estado teve quase 500 casos. Londrina teve quatro em que o mesmo CPF serviu para vacinar 12 pessoas. Mas, nenhum deles entre agentes políticos.

Denúncias sobre possíveis irregularidades na vacinação podem ser feitas pelo 0800-645-0645, das 12 às 18 horas, de segunda a sexta-feira.