SEGUNDA, 29/03/2021, 17:13

Um terço de toda a carne de frango produzida no Brasil vem do Paraná

Produção estadual é a maior do país, e fechou 2020 com crescimento de 3,9%. Avicultores paranaenses têm condições de manter liderança pelos próximos anos, mas estão preocupados com a falta de milho para alimentar os animais.

O Paraná se manteve no ano passado como o principal produtor de carne de frango do país. A produção estadual fechou 2020 com um crescimento de 3,9%. O volume total foi de 4 milhões e 490 mil toneladas, pouco mais de um terço das 13 milhões e 700 mil toneladas produzidas pelo Brasil, que teve mais de 2 bilhões de aves abatidas. Ou seja, apesar dos desafios impostos pela pandemia de coronavírus, o avicultor paranaense conseguiu se adaptar ao momento e continuar com a produção a todo vapor. Foi preciso reforçar a higienização das granjas e abatedouros, e, principalmente, garantir a devida proteção aos funcionários.

Tanto é que, além de principal produtor, o Paraná é também o estado brasileiro que mais exporta carne de frango no país, respondendo por 40,9% das exportações brasileiras no setor. Pelo menos 160 países são abastecidos pela carne de frango paranaense. O percentual é quase o dobro das exportações de Santa Catarina, que fica em segundo lugar, com 21,6%. Na sequência vem o Rio Grande do Sul, com 16,9%. Juntos, os três estados do sul concentram 79,4% do frango brasileiro comercializado para outros países. O frango é o segundo principal produto exportado, ficando atrás apenas da soja em grão, e é a principal proteína animal exportada pelo Paraná, respondendo, em 2020, por 21,6% de todo o comércio exterior paranaense, com a venda de 1 bilhão e 590 milhões de toneladas no ano passado. Esse total representou 2 bilhões e 560 milhões de dólares na balança comercial estadual. O principal destino é a Ásia, sendo que a China compra um quarto da carne de frango do estado. Outros importantes mercados são os Emirados Árabes Unidos, Japão, Arábia Saudita e Coreia do Sul.

O secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara, comemorou os resultados, lembrando que o Paraná já conseguiu se firmar como o prinpal pólo de carnes de todo o país.

Se por um lado, o setor garante que tem condições de manter essa liderança pelos próximos seis anos, do outro, há uma preocupação por parte dos avicultores com a produção atual, que pode sofrer perdas por conta de uma possível quebra da safra de milho, o principal produto usado na alimentação dos animais. Devido à forte estiagem, que adiou o plantio da soja e, consequentemente, a sua colheita, foi necessário postergar também o plantio da segunda safra de milho do ano. Em nota, o Sindiavipar, que representa os avicultores paranaenses, demonstrou preocupação com a colheita do grão, que depende de condições climáticas favoráveis. O sindicato também já enviou uma carta ao Ministério da Agricultura pedindo para que o poder público desburocratize a importação do milho e retire o PIS/Cofins da transação. A entidade solicita, ainda, que o governo apresente uma política atrativa para a produção de milho no verão, a partir de setembro, com linhas de crédito vantajosas, principalmente para o pequeno produtor.

As dificuldades da safra de milho foram confirmadas à CBN pelo chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, Salatiel Turra. De acordo com ele, cerca de 40% da produção está em condições de ser colhida, mas a indefinição dos aspectos climáticos podem dificultar o cenário. Apesar disso, ele acredita que os problemas possam ser amenizados com a regularização das chuvas nas próximas semanas.

Por Guilherme Batista

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