SEGUNDA, 27/09/2021, 07:00

Universidade Estadual de Londrina encerra a semana com evento de mulheres sobre participação feminina no pensar contemporâneo

Autoridade e reconhecimento das mulheres na filosofia foi tema do Ciclo Hannah Arendt.

Atualmente, já existe no Brasil uma rede de filósofas, promovendo a participação feminina na produção científica e no debate intelectual do país. Mas esse é um movimento recente, que teve início só na metade do século XX. Mesmo assim, de acordo com a professora doutora Maria Cristina Muller, apenas 28% das pessoas que estudam filosofia no Brasil são mulheres. A pesquisadora trabalha há 25 anos com a obra da filósofa alemã de origem judaica Hannah Arendt e, desde 2018, realiza ciclos de debates envolvendo o pensamento de Arendt e chamando a atenção para o trabalho das filósofas na história. A falta de conservação e transmissão dos conhecimentos intelectuais femininos tem contribuído para o apagamento, esquecimento ou silenciamento de mulheres nos debates acadêmicos, avalia a professora.

Muller ressalta que a autoridade da mulher nos ambientes profissionais e intelectuais é resultado do reconhecimento de seus saberes se dizeres. Segundo ela, o apagamento da participação feminina foi alimentado pelo medo da sociedade ocidental da desagregação familiar, baseada em uma ideia equivocada de submissão feminina ao homem. Tudo isso inviabilizou a participação da mulher no espaço público, que passou a ser prerrogativa dos homens. A falta de representatividade feminina também leva à exclusão social e econômica. Invocando o pensamento de Hannah Arendt, a professora ressalta a necessidade da representação e da visibilidade das mulheres na política.

Hanna Arendt era uma crítica da democracia representativa por acreditar na pouca eficácia do modelo para garantir o espírito público, a liberdade e ampla participação no espaço público. Ela apontava para a necessidade das soluções encontradas de forma comunitária, em que cada comunidade deve encontrar soluções para os próprios problemas e os caminhos que querem seguir. Seguindo esta linha, a doutora Maria Cristina Muller reforça o papel dos conselhos na administração pública.

Durante o evento também houve lançamento do livro 12 mulheres filósofas artistas. Parte do conteúdo do Ciclo está disponível no canal do YouTube de Estudos Avançados Hannah Arendt UEL.

Por Livia de Oliveira

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