Universidade Estadual de Londrina encerra a semana com evento de mulheres sobre participação feminina no pensar contemporâneo
Autoridade e reconhecimento das mulheres na filosofia foi tema do Ciclo Hannah Arendt.
Atualmente, já existe no Brasil uma rede de filósofas, promovendo a participação feminina na produção científica e no debate intelectual do país. Mas esse é um movimento recente, que teve início só na metade do século XX. Mesmo assim, de acordo com a professora doutora Maria Cristina Muller, apenas 28% das pessoas que estudam filosofia no Brasil são mulheres. A pesquisadora trabalha há 25 anos com a obra da filósofa alemã de origem judaica Hannah Arendt e, desde 2018, realiza ciclos de debates envolvendo o pensamento de Arendt e chamando a atenção para o trabalho das filósofas na história. A falta de conservação e transmissão dos conhecimentos intelectuais femininos tem contribuído para o apagamento, esquecimento ou silenciamento de mulheres nos debates acadêmicos, avalia a professora.
Muller ressalta que a autoridade da mulher nos ambientes profissionais e intelectuais é resultado do reconhecimento de seus saberes se dizeres. Segundo ela, o apagamento da participação feminina foi alimentado pelo medo da sociedade ocidental da desagregação familiar, baseada em uma ideia equivocada de submissão feminina ao homem. Tudo isso inviabilizou a participação da mulher no espaço público, que passou a ser prerrogativa dos homens. A falta de representatividade feminina também leva à exclusão social e econômica. Invocando o pensamento de Hannah Arendt, a professora ressalta a necessidade da representação e da visibilidade das mulheres na política.
Hanna Arendt era uma crítica da democracia representativa por acreditar na pouca eficácia do modelo para garantir o espírito público, a liberdade e ampla participação no espaço público. Ela apontava para a necessidade das soluções encontradas de forma comunitária, em que cada comunidade deve encontrar soluções para os próprios problemas e os caminhos que querem seguir. Seguindo esta linha, a doutora Maria Cristina Muller reforça o papel dos conselhos na administração pública.
Durante o evento também houve lançamento do livro 12 mulheres filósofas artistas. Parte do conteúdo do Ciclo está disponível no canal do YouTube de Estudos Avançados Hannah Arendt UEL.