Com vitória no TJ, procuradores municipais podem ganhar mais que prefeito
Advogado que defende profissionais afirma que, apesar de decisão do TJ, na prática poucos procuradores vão receber acima do teto definido pelo STF.
A batalha jurídica, que não é só dos procuradores de Londrina, começou em 2012. Sete anos depois, em 2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o teto salarial dos procuradores municipais e estaduais poderia ser equivalente a 90% da remuneração dos Ministros da Corte, o que representaria algo em torno de R$ 35 mil. Hoje, os salários dos procuradores municipais de Londrina, por exemplo, chegam a, no máximo, R$ 19 mil.
Apesar disso, o acórdão do STF não obrigava os prefeitos a pagarem salários acima do teto do Município e deixava para os chefes do Executivo a decisão final. A Associação dos Procuradores de Londrina, Aprolon, recorreu à justiça, alegando que o Plano de Cargos, Carreiras e Salários do Município prevê que os profissionais podem ganhar mais que o prefeito com os adicionais. Com a perda da ação em primeira instância, a Associação dos Procuradores de Londrina recorreu ao TJ.
A decisão do Tribunal de Justiça ainda não foi publicada, mas, o advogado Rodrigo Kanayama, que defende a Aprolon no caso, afirma que, apesar da definição do TJ, na prática, poucos procuradores devem receber o teto equivalente a 90% do salário dos Ministros do STF.
A Ação na Justiça rendeu manifestações contrárias de diversas entidades. No início do ano, o Sindicato dos Servidores Municipais criticou o fato da Procuradoria Geral estar à frente da defesa dos profissionais no caso e apontou um conflito de interesses. A Prefeitura, então, contratou um escritório de advogados.
Rodrigo Kanayama diz que a questão já estava definida pelo próprio TJ e que a nova decisão, fruto de um recurso do Município, apenas referendou o assunto.
E os pagamentos são retroativos. O impacto nas contas do Município deve chegar a, aproximadamente, R$ 30 milhões, apenas para os atrasados. Sem falar no aumento da folha mensal.
O advogado diz que a desvinculação dos salários dos procuradores da remuneração dos prefeitos é uma das ferramentas previstas na lei para garantir a autonomia dos profissionais.
Sobre a retroatividade dos pagamentos, o advogado da Aprolon diz que alguns podem valer a partir de 2012, quando a ação começou a tramitar, mas cada caso precisa ser avaliado separadamente.
A reportagem da CBN Londrina procurou o Núcleo de Comunicação da Prefeitura, que enviou uma nota informando que o escritório contratado para defesa do Município no caso ainda está aguardando a publicação do acórdão para verificar quais recursos processuais são possíveis na ação.