TERCA, 02/03/2021, 09:48

Mara Boca Aberta é denunciada por legislar em causa própria ao tentar reverter a cassação do marido

Vereadora acusa o denunciante de perseguição política por travar disputas judiciais em vários processos contra ele

A vereadora Mara Boca Aberta, mais votada nas últimas eleições em Londrina, é alvo da primeira representação contra um parlamentar em 2021. De autoria do jornalista José Antonio Pedriali, a denúncia é de quebra de decoro parlamentar por conta da proposta feita por ela na semana passada de um decreto legislativo que anularia a cassação do deputado federal Emerson Petriv, o Boca Aberta, quando ele era vereador, em outubro de 2017. Na época, ele foi denunciado por uma servidora municipal por ter recorrido a uma vaquinha virtual no Facebook pedindo dinheiro para quitar uma multa eleitoral de 8 mil reais por pedir votos em uma UPA durante as eleições de 2016.  Dos 19 vereadores, 14 votaram pela cassação do mandato e perda dos direitos políticos. Um ano depois, graças a uma liminar, Emerson Petriv se elegeu deputado federal, além de concorrer a prefeito nas eleições municipais de 2020.
No documento protocolado na Câmara de Londrina, Mara defende que foi violada a separação entre os poderes Legislativo e Judiciário na condenação do marido por improbidade administrativa.
Já Pedriali acusa a vereadora de legislar em causa própria, primeiro por ser casada com Boca Aberta, e segundo por ele ter sido o principal doador de sua campanha.

O jornalista lembra que Mara já responde a um processo na justiça eleitoral por abuso de poder econômico na campanha. O Ministério Público acusa o deputado federal de usar verba parlamentar para custear a propaganda da candidatura da esposa para vereadora. Pedriali afirma que não se surpreendeu com o pedido de Mara ter sido feito logo no início da legislatura, menos de um mês após o início dos trabalhos, para evitar a perda do mandato do marido na Câmara dos Deputados.

Questionada pela reportagem sobre a apresentação da denúncia, Mara Boca Aberta acusou Pedriali de perseguição política, dizendo que as partes já disputam diversos processos judiciais.

No final da tarde, a vereadora protocolou na Câmara um memorial descritivo a respeito dos fatos, alegando que não há que se falar em quebra de decoro.

A representação será encaminhada inicialmente à Mesa Executiva, da qual Mara Boca Aberta faz parte como terceira secretária, e em seguida levada até a Comissão de Ética para instauração de um processos disciplinar que pode resultar em censura verbal ou escrita, suspensão temporária do exercício do mandato ou até perda do mandato.

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