SEGUNDA, 01/08/2022, 17:16

A cada 100 famílias abordadas, 23 não autorizam a doação de orgãos de entes queridos mortos na região de Londrina

Taxa chegou aos 33% durante a pandemia de coronavírus, que foi a responsável por derrubar o número de transplantes de órgãos em todo o estado nos últimos anos. Apesar disso, 49 doações efetivas foram realizadas na região até julho deste ano.

O senso de urgência é para salvar vidas. Uma força-tarefa que contou com duas viagens aéreas para o transporte de órgãos entre Arapongas, na região metropolitana de Londrina, e Curitiba. Tudo aconteceu na manhã do último sábado (30), após a retirada de rins, fígado, baço e válvulas de coração no Honpar. Os órgãos seguiram de helicóptero do BPMOA até Londrina e, daqui, foram levados em um voo fretado para a capital. Um esforço conjunto e extremamente necessário, que se torna ainda mais importante no momento em que as autoridades competentes trabalham para aumentar o número de transplantes de órgãos em todo o estado. Enquanto que em 2018 foram 949 órgãos transplantados, no ano passado foram "apenas" 663, uma queda de 30%.

De acordo com a coordenadora da Organização de Procura de Órgãos (OPO) de Londrina, Emanuelle Zocoler, a diminuição nos números tem relação direta com a pandemia de coronavírus. Durante o pico da doença, entre 2020 e o ano passado, as equipes que até então eram responsáveis pelos processos relacionados aos transplantes, foram remanejadas para os outros setores dos hospitais, que, na época, estavam abarrotados de pacientes infectados. A Covid-19 também fez aumentar a fila de pessoas que esperam pelos transplantes. Muitos infectados tiveram como sequelas a insuficiência de rins e pulmões. Atualmente, em todo o estado, são quase 2.500 pessoas à espera de um transplante: 1.314 justamente de rim; 924 de córneas; 147 de fígado; 33 de coração; 22 de rim ou pâncreas; e 14 de pulmão.

Outro fator determinante para o aumento da fila envolve a recusa por parte das famílias de potenciais doadores. Atualmente, a cada 100 abordagens feitas pelas equipes, 23 não conseguem a devida autorização para a retirada dos órgãos. Emanoelle lembra que esse índice chegou aos 33% durante a pandemia, e que é preciso trabalhar para fazer ele cair ainda mais.

Apesar de todas as dificuldades, os trabalhos seguem sendo realizados pelas equipes, que, nos últimos meses, reforçaram a abordagem das famílias nos hospitais. Tanto é que, entre janeiro e julho deste ano, 49 doações efetivas foram realizadas, sendo sete em junho e outras nove no mês passado. O número já se aproxima das 65 doações realizadas em todo o ano passado. Emanoelle comemorou a retomada dos transplantes, destacando que o ato ressignifica a morte dos doadores.

Por Guilherme Batista

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