TERCA, 13/02/2018, 11:15

Denúncia da Operação ZR3 já está nas mãos da justiça, que disponibilizou áudios que mostram intimidade entre os envolvidos, negociações e indícios de corrupção.

Depois que o Ministério Público denunciou 13 pessoas por um suposto envolvimento em um esquema de corrupção no processo de mudança de zoneamentos, a 2ª Vara Criminal de Londrina disponibilizou à imprensa os áudios, que são as peças chaves da investigação.

 

As conversas captadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), por meio principalmente de celulares, revelam intimidade entre os investigados e trocas de favores sendo negociadas. Em uma das ligações o vereador afastado Rony Alves conversa com o ex-presidente da Câmara Mario Takahashi e sugere um pagamento de vantagem para dar andamento a uma mudança de zoneamento.

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SN AUDIO 01

Início: “OI”

Deixa: “PODEMOS?”

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A conversa entre os dois não é direta, mas em outra gravação, Inês Dequech, ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPPUL) e também membro do Conselho Municipal das Cidades (CMC), com o empresário Junior Zampar, confirma que existe uma troca de favores. Ela diz que o valor cobrado por Luis Guilherme Alho, para fazer o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) não era apenas pelo serviço técnico. O dinheiro seria dividido entre pessoas que teriam que dar pareceres favoráveis ou agilizar o processo. O que explicaria valores mais altos cobrados por Luis Guilherme. 

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SN AUDIO 02

Início: “ENTÃO”

Deixa: “ROLAR”

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Em outro momento da gravação feita pelo Gaeco, Luis Guilherme Alho, integrante do CMC, confirma que é preciso “agradar” Ossamu Kaminagakura, servidor de carreira da prefeitura, para aprovar a alteração no zoneamento de uma área da cidade. Na casa de Alho, foi apreendida uma agenda que, segundo o MP, comprova pagamento de propina ao servidor municipal.

 

A corrupção é um dos assuntos entre os envolvidos. Em uma conversa entre Junior Zampar e o empresário Homero Wagner Fronja, fala-se da prática de Ossamu, que pede dinheiro até pelo Whatsapp.

 

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SN AUDIO 03

Início: “SÓ”

Deixa: “VENAL”

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Para o Gaeco, o esquema começou no 2º semestre de 2016. O vereador afastado Mário Takahashi, em diversos áudios usados pela justiça, se mostra “cauteloso” nas negociações. Prefere não dizer frases completas e que possam comprometê-lo, apesar de ser citado por demais envolvidos em vários momentos.

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SN AUDIO 04

Início: “EU VOU”

Deixa: “POVO”

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Assim como Takahashi, outros se mostravam preocupados com possíveis grampos telefônicos. Em um dos momentos, se comunicavam em “códigos”.

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SN AUDIO 05

Início: “TELEFONE”

Deixa: “PAZ”

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Em outra ocasião, pedem para falar sobre o assunto depois ou por outro meio de comunicação. Além disso, ressalta o cuidado na hora de encaminhar um email.

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SN AUDIO 06

Início: “FOI MANDADO”

Deixa: “MENSAGEM”

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Onze dos 13 denunciados estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica por determinação da justiça. Os dois vereadores, considerados líderes do esquema, estão afastados do cargo por 180 dias. Dois parlamentares já estão no lugar deles na Câmara Municipal.

 

Quinze fatos foram relatados nas 42 páginas da denúncia apresentada à justiça na última sexta-feira. Caso seja aceita, se transforma em ação penal. Mas, segundo o Ministério Público, outros cinco fatos criminosos ficaram de fora desta primeira fase da operação, porque demandam mais tempo de apuração. Ainda é preciso terminar de analisar todos os documentos e material apreendido. Agora, o Gaeco espera ter acesso a dados e quebra de sigilo bancário dos denunciados para saber se houve também lavagem de dinheiro.

 

Repórter Claudia Lima

Por Claudia Lima

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