Em ato público na Câmara, entidades lançam manifesto pela permanência do Iapar em Londrina
Carta aberta destaca que instituto tem quase 50 anos de funcionamento e, atualmente, mantém 218 projetos e mais de 650 ensaios de campo espalhados por todo o estado. Para entidades, projeto de fusão pode acabar com as atividades.
A divulgação do manifesto público abriu a audiência realizada na Câmara Municipal de Londrina na manhã desta sexta-feira para discutir o futuro do Instituto Agronômico do Paraná. O documento é assinado por 26 entidades de Londrina e todo o estado, como a Sociedade Rural do Paraná, a Associação Comercial e Industrial de Londrina, a UEL e a OAB, além de sindicatos e associações voltadas para o setor agrícola. Nas duas páginas, a carta aberta ressalta a importância do Iapar como “patrimônio” do estado, e destaca que a entidade, com quase 50 anos de funcionamento, é “referência internacional no manejo do solo e água”, além de responsável por desenvolver um novo sistema de manejo de café; e viabilizar a citricultura e, também, inúmeras variedades de feijão, trigo, aveia, entre outras culturas.
O manifesto lista, ainda, os quinze programas tocados atualmente pelo Iapar, “que se desdobram em 218 grandes projetos de investigação científica e implicam na condução de 650 ensaios de campo espalhador por todo o Paraná, nas suas 20 fazendas experimentais, duas unidades de beneficiamento de sementes, 25 laboratórios e 29 estações meteorológicas”. Atividades que, conforme a carta, são realizadas sob a regência de apenas 83 pesquisadores.
A série de projetos foi usada para rebater o projeto de lei, apresentado pelo governo neste mês na Assembleia Legislativa do Paraná, que pretende fazer a fusão do Iapar com outras três entidades públicas do setor agrícola: a Emater, a Codapar e o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia. No manifesto, as entidades alegam entender a importância de se enxugar a máquina pública, mas destacam que o agrupamento de órgãos que têm objetivos tão diferentes pode trazer prejuízos sérios ao desenvolvimento de novas pesquisas no estado. De acordo com a carta, a fusão é o caminho para aniquilar o setor, “resultado negativo que sentiremos no estado e no país nos próximos dez anos”.
Fundador e ex-presidente do instituto, Florindo Dalberto, que participou da audiência, afirma que a fórmula da fusão passa longe de ser a melhor solução para os problemas alegados pelo governo.
Pesquisador há quase 30 anos do Iapar, o engenheiro agrônomo Tiago Pellini critica o fato de o governo ter decidido fundir as entidades de forma unilateral, sem conversar com os funcionários do instituto e, também, com as entidades ligadas ao setor.
As entidades questionam, ainda, alguns pontos do projeto, que pretende transferir a sede administrativa do Iapar para Curitiba, com a extinção de funções nos quatro órgãos agrupados, mas, ao mesmo tempo, com a criação de 45 cargos comissionados na Casa Civil, secretaria que estaria totalmente desvinculada do processo de fusão. “Onde está a economia?”, questiona o manifesto.
Para o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Antonio Sampaio, o governo precisa entender que o projeto da fusão dos institutos precisa urgentemente de sérias readequações.
A intenção das entidades, agora, é enviar o manifesto, e pontos discutidos durante a audiência na Câmara, diretamente para a Secretaria Estadual de Agricultura e o governador Ratinho Junior. A discussão também deve ser ampliada com o prefeito Marcelo Belinati e prefeitos de outras cidades da região, que não participaram da audiência.