Em um ano e meio, feminicídios deixaram 20 orfãos em Londrina
Dados são do Observatório Néias, que acompanhou 37 casos desde 2021 na cidade. Ao todo, 55 crianças ou adolescentes, filhos e filhas das vítimas, foram afetados pelos crimes.
Será celebrado neste sábado, dia 22 de julho, os dias Municipal e Estadual de Combate ao Feminicídio. Para relembrar a importância de se combater esses crimes, o Observatório Néias, criado na cidade justamente para acompanhar esses casos e exigir punições severas aos acusados, divulgou nesta quinta-feira (20) dados preocupantes que comprovam a alta incidência de ocorrências envolvendo mulheres vítimas dos mais variados tipos de violência.
Entre janeiro de 2021 e julho deste ano, o observatório acompanhou 37 casos de feminicídios tentados e consumados em Londrina. O levantamento da entidade também traz o número de crianças e adolescentes diretamente afetados pelos crimes. São 55 filhos e filhas das vítimas, sendo que 20 deles ficaram órfãos. Outro dado preocupante aponta que onze dos feminicídios, tentados ou consumados, ocorreram na presença de filhos ou enteados das vítimas, conforme destacou a psicóloga Flávia Carvalhaes, que é integrante do Néias.
Ela ressaltou a importância dessa discussão para a criação de projetos e políticas públicas que possam auxiliar essas crianças e adolescentes a recomeçarem a vida. Entre as iniciativas, destaque para o projeto de lei, aprovado na Câmara dos Deputados em março deste ano, que prevê o pagamento de pensão a filhos de mulheres que foram vítimas de feminicídio.
Dos 37 feminicídios acompanhados pelo Néias, 26 foram tentados e 11, consumados. Os números incluem duas vítimas transexuais e uma criança de 9 anos. As vítimas tinham, em sua maioria, entre 18 e 44 anos (24 casos). Em 8 não foi possível levantar essa informação. Entre os réus constata-se a mesma situação, a maioria tinha entre 18 e 44 anos (25). Não foi possível levantar essa informação em 6 dos casos.
Sobre o vínculo entre vítima e agressor, em 29 casos havia envolvimento íntimo; em 2 situação de prostituição e em 3 casos a vítima não conhecia o agressor. Também foram identificados 3 casos nos quais o agressor era padrasto, ex-genro e vizinho. Em 27 dos casos com relacionamento íntimo havia histórico de violência e em 22 a mulher havia se separado ou buscava a separação do agressor.