SEGUNDA, 21/03/2022, 08:36

Em visita a assentamento do MST, em Londrina, ex-presidente Lula sobe o tom, chama Sérgio Moro de "cego e arrogante" e diz que vai ser candidato para derrotar "governo fascista" de Jair Bolsonaro

Ele veio ao Paraná para acompanhar filiação do ex-governador Roberto Requião ao PT, em Curitiba, e trabalhar na mobilização da militância já de olho nas eleições de outubro. 

Para uma multidão de apoiadores e militantes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, discursou já em clima de campanha durante visita ao assentamento Eli Vive, do MST, na área rural de Londrina, no norte do Paraná, neste sábado (19). No palanque, ao lado de políticos e lideranças petistas e dos sem-terra, Lula, que é pré-candidato declarado à presidência da República, voltou a tecer duras críticas aos seus principais adversários nas eleições de outubro: o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro, responsável pelas sentenças da Lava Jato, posteriormente arquivadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que fizeram o petista passar 580 dias preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba.

No discurso, Lula subiu o tom e voltou a disparar contra Moro, chamando-o de "cego e arrogante" e dizendo que ele não tem a mínima condição de governar o país.

Já Bolsonaro só foi citado pelo ex-presidente aos 26 minutos de discurso, que teve, ao todo, 40 minutos de duração. Com 76 anos de idade, Lula, que já governou o Brasil por duas vezes, entre 2003 e 2011, disse que se sentiu na obrigação de se candidatar novamente para, nas palavras dele, derrotar o “governo fascista” de Bolsonaro. 

A visita ao assentamento do MST, em Londrina, foi o segundo compromisso público de Lula no Paraná. Na noite de sexta-feira (18), ele esteve em Curitiba acompanhando a filiação do ex-governador e ex-senador Roberto Requião ao Partido dos Trabalhadores. Na capital, houve princípio de confusão entre militantes petistas e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Os ânimos tiveram que ser contidos pela Polícia Militar (PM). Já em Londrina, bolsonaristas se reuniram em frente ao aeroporto no horário em que Lula iria chegar para queimar bandeiras e faixas do PT e com o rosto dele. Apesar disso, não foram registrados confrontos.

O ex-presidente veio acompanhado de Requião, que, assim como já havia feito na capital, discursou como pré-candidato do PT ao Governo do Paraná. 

A vinda de Lula ao Eli Vive não foi por acaso. O assentamento é o maior do MST dentro de uma região metropolitana e, neste sábado, virou ponto de encontro de moradores de ocupações do movimento espalhadas por todo o estado. Milhares de pessoas participaram do ato, utilizado pelo PT para estreitar a relação com a militância já de olho nas eleições de outubro. A presidente nacional do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann, que é do Paraná, demonstrou preocupação com o engajamento dos apoiadores de Jair Bolsonaro principalmente nas redes sociais, destacando que os petistas não podem ficar para trás.

Já o fundador e membro da direção nacional do MST, João Pedro Stédile, aproveitou a presença de Lula no assentamento para fazer uma série de cobranças relacionadas à reforma agrária. De acordo com ele, o petista, se eleito, vai precisar trabalhar para estruturar os assentamentos, com o foco voltado para a produção e a distribuição dos alimentos. Stédile disse que, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, o MST enviou 88 requerimentos pedindo por financiamentos junto ao BNDES para a implantação de projetos de agroecologia e de agroindústrias nas ocupações, mas segundo ele, apenas uma solicitação foi atendida. O líder dos sem-terra também deixou um recado para os militantes mais radicais, que ainda não aceitam o fato de que o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, adversário direto do PT em diversas disputas, vai ser o candidato a vice-presidente de Lula. 

Lula, por sua vez, garantiu que vai formar um plano de governo ouvindo a população e os movimentos sociais. Ainda em em clima de campanha, o ex-presidente pediu para que os militantes também trabalhem para eleger novos deputados, definindo como “anti-povo e o pior da história” o atual Congresso Nacional.

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