SEGUNDA, 21/12/2020, 06:20

Gaeco detalha esquema milionário do jogo do bicho descoberto em Arapongas, no Norte do Paraná

Sistema, comandado por vereador preso na sexta-feira, contava com mais de 250 pontos espalhados pela cidade e motoqueiros para buscar dinheiro. Organização criminosa teria movimentado R$ 20 mil por dia e “lavado” R$ 3 milhões nos últimos anos.

O delegado do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado, em Londrina, Ricardo Jorge, detalhou, em entrevista à CBN, o esquema milionário do jogo do bicho desbaratado pela polícia em Arapongas, no Norte do Paraná, nos últimos meses. A investigação culminou no oferecimento de uma denúncia contra cinco pessoas acusadas de participação no esquema, entre elas o presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Osvaldo Alves dos Santos, do PSC, preso na última sexta-feira suspeito de comandar a organização criminosa. Elas vão responder criminalmente por envolvimento em jogos de azar e lavagem de dinheiro. Um contador, que seria o responsável por gerenciar as empresas de fachada usadas no esquema, também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e é considerado foragido.

De acordo com o delegado, foi possível descobrir, durante as investigações, mais de 250 pontos do jogo do bicho espalhados por Arapongas. Todos os locais, conforme ele, faziam parte do esquema, que enviava motociclistas aos pontos para recolher o dinheiro obtido com os jogos. Ricardo Jorge afirma que o esquema tinha o poder de movimentar pelo menos R$ 20 mil por dia: 80% deste valor era destinado aos responsáveis por chefiar a organização, entre eles o vereador Osvaldo dos Santos, e o restante, 20%, ficava com os comerciantes.

O delegado do Gaeco confirmou, ainda, que o dinheiro apreendido na casa do vereador em setembro é proveniente do esquema criminoso. Durante a operação, os policiais encontraram mais de meio milhão de reais em espécie: 500 mil em um cofre no quarto do parlamentar e outros 14 mil na casa que funcionava como um escritório para a organização. 

Na época, Santos afirmou que a quantia estava declarada, e apontou, como origem do montante, o arrendamento de uma propriedade rural localizada em Santo Antonio do Caiuá, no noroeste do Paraná. A polícia foi atrás e constatou que a área até existia, mas nunca tinha sido arrendada para o parlamentar. A investigação descobriu, ainda, que o vereador também teria emitido uma série de notas fiscais junto à prefeitura daquele município por meio de um negócio de vendas de sementes. Uma atividade, conforme Ricardo Jorge, de fachada, montada pelo esquema para lavar o dinheiro obtido com o jogo do bicho. Nos últimos anos, de acordo com as investigações, a organização teria lavado R$ 5 milhões por meio do esquema.

Na sexta-feira, a reportagem já tinha conversado com o advogado do vereador, Marcos Prochet, que garantiu que o cliente colaborou com as investigações, e que a prisão dele seria ilegal e arbitrária. O advogado promete apresentar um pedido de habeas corpus na Justiça em breve pedindo para que o parlamentar seja solto.

Por Guilherme Batista

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