TERCA, 02/02/2021, 00:35

Janeiro registrou maior número de mortes pela Covid em Londrina desde o início da pandemia. Foram 136 óbitos, um aumento de 50% em relação a setembro, até então o mês com mais vidas perdidas para a doença

Especialistas defendem medidas para reduzir circulação de pessoas

O primeiro óbito em Londrina foi registrado em três de abril. Quatro dias depois mais uma morte. E o mês fechou com 13. Maio ainda registrou certa estabilidade no controle da doença, com 11 vidas perdidas para a Covid, totalizando 24. Mas, em junho houve um salto nos números e a doença mostrou sua força por aqui. Foram 57 óbitos, o pior mês até então.

Em julho um recuo para 37. Em agosto, subiu novamente, para 50 mortes. E em setembro, mais um salto, e o recorde mensal de 90 mortos. A cidade chegava então a 258 vidas perdidas para a doença desde março. Em outubro, uma queda para 57 óbitos. Novembro também teve redução, com 36 registros. Mas, o ano fechou com a doença em alta na cidade, foram 85 mortes em dezembro, o segundo mês com número mais alto. No acumulado da pandemia em 2020, foram 436 óbitos.

Se setembro tinha o recorde até então, com 90 mortes. O primeiro mês de 2021 registrou 136, um aumento de mais de 50%. E no total, desde março, Londrina chegava a 572 vidas perdidas para o coronavírus. Em apenas um dia de janeiro, a sexta-feira 22, foram 11 mortes na cidade, mesmo número de todo o mês de maio passado. Outro dado: somando dezembro e janeiro a cidade registrou 221 óbitos.

A quantidade de infectados pelo coronavírus também aumentou, e muito, no mês. Foram 8.361, o recorde desde o início da pandemia, e a média móvel fechou acima de 330 casos diários em janeiro. E junto com isso veio o crescimento na ocupação das UTIs. Houve dias em que a taxa passou de 90%.

 

Para o médico sanitarista, professor universitário e ex-secretário de Saúde de Londrina, Gilberto Martins, os números de janeiro na cidade refletem o que já se falava em dezembro, que o aumento da circulação das pessoas por conta das festas de fim de ano teria reflexos no agravamento da doença.

Apesar de reconhecer que a cidade vive o pior momento da pandemia, durante uma live no último sábado, o prefeito Marcelo Belinati descartou medidas mais rígidas, por enquanto. O prefeito minimizou o alerta roxo do Coesp, o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública, e disse ser apenas mais um indicador.

A professora Marselle Carvalho, chefe do Departamento de Saúde Coletiva da UEL E coordenadora do Projeto Safety, que reúne alunos e docentes da área da saúde da universidade e faz o monitoramento da doença na cidade desde o início da pandemia, avalia que falta unidade ao país na definição de critérios.

Ela também defende medidas para reduzir a circulação de pessoas e explica que diferente do estado de São Paulo, que está em bandeira vermelha e fechou as atividades não essenciais, Londrina optou por um modelo diferente.

Assim como a professora da UEL, que também prevê dificuldades com  a chegada do carnaval, mesmo sem a festa, Gilberto Martins também mostra preocupação com a chegada da nova variante do coronavírus a Londrina e região.

Tentamos ouvir a promotora de Defesa da Saúde Pública de Londrina, Susana de Lacerda, sobre os dados de janeiro e o avanço da doença na cidade, mas ela disse que não gravaria entrevista sobre o assunto e afirmou que os números já dizem tudo.

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