Juiz interroga últimos réus e Publicano 2 vai chegando à reta final
Principal depoimento desta quarta-feira foi do ex-inspetor geral de Fiscalização da Receita Estadual, Márcio Albuquerque Lima. Expectativa do Gaeco é que sentença só saia no ano que vem.
As audiências de instrução da Publicano 2 começaram em agosto desse ano, com os depoimentos das testemunhas de acusação. Em setembro, foi a vez das mais de 500 testemunhas de defesa. Nesta quarta-feira, foram realizados os últimos interrogatórios dos 123 réus dessa fase da operação.
O primeiro a falar, por apenas alguns minutos, foi o auditor fiscal Miguel Arcanjo, que negou todas as acusações e afirmou que a delação de Luis Antônio de Souza é inverídica. Em seguida, o contador José Constantino, de uma empresa de Arapongas investigada pela operação, também negou qualquer envolvimento no esquema.
Na sequência, o principal depoimento da tarde, o ex-inspetor geral de Fiscalização da Receita Estadual e ex-delegado em Londrina, Márcio Albuquerque Lima, outro dos réus desta fase da operação, foi ouvido pelo juiz Juliano Nanuncio, da 3ª Vara Criminal de Londrina. Albuquerque, que foi apontado pelo Ministério Público como líder do esquema entre os auditores, aguardou a hora do depoimento ao lado da esposa, que também é ré no processo e já foi interrogada, na primeira fila da sala do Tribunal do Júri.
O ex-inspetor geral negou todas as acusações e criticou o MP e o fato de não haver nada contra ele, além do que disse Luis Antônio de Souza no acordo de delação premiada. Disse que foi indicado para o cargo pelo diretor da Receita na da época, que já conhecia Beto Richa antes de conhecer Luis Abi Antoun e que nunca foi protegido dele.
Márcio Albuquerque afirmou ainda que também não sabia das irregularidades no Fisco Estadual e elencou uma série de contradições nas acusações feitas a ele nas diversas fases da Publicano. O ex-inspetor geral também negou ser proprietário de imóveis milionários e ter patrimônio incompatível com sua renda. O advogado do ex-inspetor geral de Fiscalização da Receita, Douglas Maranhão, não quis comentar o interrogatório do cliente e disse que só vai se manifestar nos autos.
Para o promotor Leandro Antunes, do Gaeco, que representou o Ministério Público no interrogatório, as tentativas de Márcio Albuquerque de desqualificar a delação premiada de Luiz Antônio de Souza e própria denúncia já eram esperadas.
Com os depoimentos desta quarta-feira, a fase de instrução do processo vai chegando ao fim. Algumas pessoas ainda precisam ser ouvidas por carta precatória. Em seguida, vêm as alegações finais e a sentença, que, para o promotor, só devem ocorrer no ano que vem.
De acordo com o Ministério Público, os 123 fatos criminosos configuram crimes como corrupção ativa, passiva e organização criminosa. Em 2016, Márcio Albuquerque foi condenado pela 3ª Vara Criminal de Londrina a mais de 97 anos de prisão na Publicano 1. A mulher dele, a também auditora Ana Paula Pelizari Marques Lima a 76 anos e sete meses. Além da pena de quase um século de prisão, o juiz fixou multa de R$ 2,3 milhões para Márcio Albuquerque. Outros 40 réus também foram condenados na ação criminal da Publicano 1.