SEXTA, 13/07/2018, 19:26

Justiça aceita pedido do Ministério Público e bloqueia mais de R$ 8 milhões em bens de réus da operação ZR3

Os 13 denunciados são acusados de integrar esquema que, segundo a denúncia, cobrava propina de empresários em troca da aprovação de projetos que mudaram o zoneamento urbano da cidade. Juiz, entretanto, não aceitou prorrogar afastamento de vereadores denunciados, que vão poder retornar aos cargos ainda este mês.

O juiz da 1ª Vara de Fazenda Pública de Londrina, Marcos José Vieira, aceitou medida cautelar proposta pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e bloqueou mais de R$ 8 milhões em bens dos 13 réus da Operação ZR3. Eles são acusados de integrar um suposto esquema de corrupção que, de acordo com as investigações, cobrava propina de empresários em troca da aprovação de projetos que mudaram o zoneamento urbano em Londrina.

O pedido de indisponibilidade de bens foi feito na ação de improbidade administrativa, que ainda vai ser apreciada pelo juiz.

O promotor responsável pelo processo, Ricardo Benvenhu, solicitava, ainda, a prorrogação do afastamento de Rony Alves e Mário Neto Takahashi dos cargos deles de vereadores. Os dois, que estão afastados do Legislativo desde janeiro, são apontados na denúncia como os líderes da organização criminosa. O juiz, entretanto, não acatou o pedido, e a dupla vai poder retomar os trabalhos na Câmara já no próximo dia 24.

Em entrevista exclusiva à CBN, Benvenhu lembrou, por outro lado, que se a dupla for condenada pelos crimes, uma das punições é a perda dos mandatos.

Na decisão, o juiz também destaca que a petição apresentada pela promotoria está recheada com um farto material probatório, como interceptações telefônicas, gravações, depoimentos, busca e apreensão de documentos e dinheiro vivo, além de mensagens de celular, suficiente pra embasar os oitos fatos que comprovariam o funcionamento do suposto esquema de corrupção.

O magistrado também chama a atenção para o fato de que o grupo era muito organizado, com uma clara divisão de tarefas entre os agentes públicos acusados de participação.

Conforme o despacho, o empresário interessado em ter o zoneamento de sua área modificado deveria cumprir uma série de exigências impostas pela organização. O esquema indicava empresas supostamente de fachada para a formulação de estudos de impacto de vizinhança e, posteriormente, cobrava valores superfaturados pelos serviços prestados. Era deste modo que o grupo recebia a propina, de acordo com as investigações.

Ainda conforme o processo, tudo era capitaneado pelos vereadores, que contavam com a ajuda do lobista Luiz Guilherme Alho, que agia de dentro do Conselho Municipal das Cidades, e do servidor afastado da Secretaria de Obras, Ossamu Kaminagakura, pra formular e aprovar os projetos de mudança de zoneamento.

De acordo com o promotor responsável pela ação, todos os documentos e provas anexados são os mesmos levantados pelo Ministério Público para o oferecimento da denúncia na esfera criminal.

A denúncia solicita, ainda, que os dois vereadores acusados devolvam quase R$ 3 milhões aos cofres públicos, cerca de R$ 1,4 milhão cada um. A quantia é semelhante à pedida para dois empresários e a Luiz Guilherme Alho. Já Ossamu Kaminagakura deverá devolver R$ 650 mil.

Além das denúncias na Justiça, os dois vereadores acusados respondem por suposta quebra de decoro parlamentar na Câmara. Eles devem ser interrogados pela Comissão Processante que apura a denúncia na segunda-feira. Rony e Takahashi também são investigados pela possível intimidação de uma testemunha durante a primeira reunião da CP. O empresário Júnior Zampar, que foi o responsável por denunciar o suposto esquema de corrupção ao Ministério Público, procurou o Gaeco para relatar que teria sido coagido enquanto era ouvido pela comissão.

 

 

NOTA RETORNO –

A defesa dos acusados ainda não foi notificada da decisão judicial. Todos os réus negam as acusações.

Por Pauta CBN

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