Justiça anula laudo que fala em “atitude heroica” de guardas municipais acusados de matar jovem na zona norte de Londrina
Magistrada aceitou argumentos do Ministério Público e da defesa da vítima, de que perito do IML foi parcial e emitiu a sua opinião durante a formulação do laudo
A juíza da 1ª Vara Criminal de Londrina, Elizabeth Khater, decidiu nesta segunda-feira pela anulação do laudo do Instituto Médico Legal sobre a morte do jovem Matheus Evangelista, de 18 anos, registrada em 11 de março do ano passado. A magistrada aceitou os argumentos apresentados pelo Ministério Público e pela defesa da vítima, de que o perito do IML, médico Naja Nabut, foi parcial e emitiu a sua opinião durante a formulação do laudo.
Segundo denúncia já apresentada à Justiça, Matheus morreu após ser baleado pela Guarda Municipal durante uma operação na zona norte de Londrina. Os agentes Fernando Neves e Michael Garcia estão presos há quase dez meses, acusados de participação no caso.
Mas, apesar das acusações, no laudo, emitido em agosto do ano passado, o perito do IML define que os guardas agiram de forma correta quando resolveram levar o rapaz, após ser baleado, para o Hospital da Zona Norte de Londrina. A atitude, conforme o servidor, foi “uma tentativa heroica de salvamento, sem a qual a vítima poderia ter falecido no local sem nenhuma chance”.
Para o advogado da família de Matheus, Mário Barbosa, a emissão de opinião por parte do servidor reflete o juízo de valor dele e serve, conforme o defensor, pra amenizar a responsabilidade dos guardas municipais na morte do rapaz.
Na decisão, a juíza pede para que o IML formule outro laudo relacionado ao caso e também abra uma sindicância pra investigar a conduta do perito responsável pelo procedimento anulado. A CBN tentou contato com a diretoria do instituto em Londrina, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Os dois guardas municipais acusados da morte de Matheus podem ir a júri popular ainda esse ano. A decisão em primeira instância, pedindo o júri, já saiu, mas está sendo alvo de recursos no Tribunal de Justiça. O advogado da família do rapaz espera que as apelações sejam analisadas ainda no primeiro semestre deste ano.