Justiça conclui depoimentos das testemunhas de acusação da Publicano 2
Para promotor do Gaeco, interrogatório de ex-assessor do Governo do Estado, Marcelo Caramori, confirmou as conexões dentro da organização criminosa que atuava dentro da Receita Estadual.
No total, foram interrogadas nessa segunda Audiência de Instrução sete pessoas. Essa é a maior fase da Publicano, com mais de 500 testemunhas e a previsão é de que os depoimentos da investigação, conduzida pelo Gaeco, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, só sejam finalizados em outubro.
Um dos reús dessa fase da Publicano é o empresário Luiz Abi Antoun que, de acordo com o MP seria o "líder político" do grupo. Outro réu dessa fase é o auditor Márcio de Albuquerque Lima, acusado de ser o líder do esquema entre os auditores.
O promotor Leandro Antunes, do Gaeco, diz que todos os depoimentos tomados até agora ajudaram a acusação a demonstrar os fatos criminosos narrados na denúncia. E
completa afirmando que todos eles são baseados também em provas documentais.
O principal depoimento desta segunda-feira foi do ex-assessor especial do governo do Paraná, o fotógrafo Marcelo Caramori, que falou por cerca de 40 minutos, também na condição de testemunha de acusação, já que fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público. No interrogatório, conduzido pelo promotor Leandro Antunes, Caramori afirmou que Luiz Abi Antoun teria dito a ele, no período em que esteve preso, que iria "contar tudo".
Ainda segundo Marcelo Caramori, Luiz Antônio de Souza teria afirmado, também na prisão, que iria cobrar "ajuda" do Governo e de Luiz Abi. E afirmou que em nenhum momento foi forçado a fechar a delação premiada.
O promotor, que conduziu todos os interrogatórios, afirma que o depoimento de Caramori contribuiu para demonstrar como funcionava a organização criminosa que atuava dentro da Receita.
Caramori deixou a sala do Tribunal do Júri sem falar com a imprensa. E em um rápido contato com a reportagem da CBN Londrina, se queixou dos prejuízos pessoais que vem tendo com o envolvimento na Publicano e disse estar em dificuldades profissionais e financeiras por conta disso.
O advogado dele, Leonardo Viana, não quis gravar entrevista, mas disse que o cliente respondeu a tudo que lhe foi perguntado, sempre com a mesma postura e confirmou boa parte do que já tinha dito no acordo de colaboração.
Com os sete depoimentos desta segunda-feira, já são 16 testemunhas de acusação ouvidas presencialmente. As outras 24 vão ser interrogadas por carta precatória. A Publicano 2 começou em junho de 2015 e tem 125 réus. No total, segundo informações do Ministério Público, o grupo teria movimentado mais de R$ 2,5 bilhões em propinas.
Nessa segunda fase da Operação, o Ministério Público narra 124 fatos criminosos, que configurariam crimes como corrupção e organização criminosa. O promotor Leandro Antunes destaca o tamanho do processo, um dos maiores que tramitam atualmente na justiça paranaense, e que só deve ter a fase de instrução concluída em Outubro.
O advogado de Luiz Abi Antoun, Anderson Mariano, também não quis gravar entrevista, nem comentar o depoimento de Caramori. Os interrogatórios das testemunhas da Publicano 2 continuam no dia 29 de agosto.