No âmbito da Operação Quijarro, deflagrada nesta semana pela Polícia Federal, a Justiça Federal em Londrina havia ordenado a quebra do sigilo telemático de suspeitos que utilizavam o WhatsApp para o tráfico internacional de drogas, mas a determinação não foi seguida pela empresa. Por causa do descumprimento, foi aplicada uma multa diária contra o aplicativo que, segundo o delegado da PF na cidade, Elvis Secco, era de até R$ 500 mil por dia. Diante disso, contas bancárias do Facebook, que é o proprietário do WhatsApp, foram bloqueadas pela Justiça em R$ 19,5 milhões. O delegado criticou a postura da empresa e alegou que, apesar dos quase 80 mandados judiciais cumpridos pela operação, o fato de as mensagens não terem sido divulgadas atrapalhou “toda” a investigação. De acordo com Elvis Secco, com o sigilo do WhatsApp revelado, outros núcleos de tráfico de drogas no exterior poderiam ter sido descobertos pela Polícia Federal.

Conforme a PF, a quadrilha tinha ramificações na Bolívia, Colômbia e Espanha. Em um ano e meio de investigações, a polícia apreendeu quatro toneladas de cocaína. Secco apontou que a corporação precisa ter acesso a mecanismos como o WhatsApp, pois, segundo o delegado, essa é uma das ferramentas mais utilizadas pelos criminosos atualmente.

Ainda de acordo com Elvis Secco, sem a divulgação do sigilo de suspeitos, investigações como a Operação Quijarro são como “enxugar gelo”. Ele defendeu que a sociedade deve apoiar a Polícia Federal no tema para que as investigações atinjam o que chamou de “alto escalão da criminalidade”.

Nossa reportagem procurou o WhatsApp, mas a assessoria de imprensa da empresa no Brasil disse que ainda não iria se manifestar sobre o bloqueio das contas.