SEXTA, 18/11/2022, 17:25

Justiça marca para março de 2023 júri popular de acusados no caso Eduarda Shigematsu

Menina encontrada morta e enterrada em quintal de casa de Rolândia em abril de 2019 teria sido assassinada pelo próprio pai, que nega as acusações. Nova data do julgamento é o mais novo desdobramento do caso, que se arrasta há mais de três anos.

O juiz da Vara Criminal de Rolândia, Alberto José Ludovico, definiu uma nova data para a realização do júri popular dos acusados no caso Eduarda Shigematsu. Ricardo Seidi e Terezinha Guinaia, pai e avó da menina, respectivamente, vão a julgamento em março do próximo ano, na "primeira data viável na pauta" do Tribunal do Júri daquela comarca. O caso se arrasta desde o dia 19 de abril de 2019, quando Eduarda, com apenas 11 anos de idade, foi encontrada morta e enterrada nos fundos de uma casa de propriedade de Ricardo, na área central de Rolândia.

O pai foi preso logo após a descoberta do corpo e vai ser julgado por homicídio triplamente qualificado, falsidade ideológica e ocultação de cadáver. Ele admite ter enterrado o corpo da filha, mas nega ser o responsável pela morte dela. Segundo o acusado, a menina foi encontrada já sem vida pendurada em uma corda na maçaneta de uma porta. Seidi afirma que Eduarda cometeu suicídio. A versão, no entanto, é desmentida por exames do IML, que apontam que a menina morreu por asfixia mecânica em decorrência de uma esganadura e não por enforcamento. Já Terezinha será julgada por falsidade ideológica e ocultação de cadáver, uma vez que, segundo as investigações, sabia da morte da neta e não avisou a polícia. Ela também nega todas as acusações.

A data para o júri popular dos acusados é a segunda a ser agendada pela Justiça, que chegou a marcar o julgamento para maio deste ano, mas precisou voltar atrás após pedido feito pelos advogados de Ricardo Seidi para a reconstituição do crime. O Instituto de Criminalística informou não ser mais possível realizar os trabalhos por conta do tempo que havia se passado, mas, mesmo assim, executou uma nova perícia em agosto deste ano na casa onde Eduarda teria sido morta e no imóvel onde o corpo da menina foi encontrado. No laudo, o órgão reitera que os locais passaram por muitas alterações e que não foi possível coletar novas provas. A resposta foi questionada pelos advogados de Ricardo, que voltaram a insistir na tese de uma reprodução simulada. O juiz, no entanto, informou que o pedido feito "não comporta acolhimento, uma vez que o Laudo de Exame de Local de Crime contém os esclarecimentos suficientes para compreensão da dinâmica dos fatos, tendo o senhor perito respondido, dentro dos limites possíveis em face do tempo já transcorrido da data do fato, a todos os questionamentos formulados pela defesa, assistente de acusação e Ministério Público".

O advogado da mãe de Eduarda, Hugo Esteves, que atua como assistente de acusação no processo, disse, em entrevista à CBN nesta sexta-feira (18), que o agendamento do júri popular traz alívio aos familiares da menina.

A defesa de Ricardo deve apresentar novos recursos insistindo na realização de uma reconstituição do crime, apesar de todos os argumentos do Instituto de Criminalística. À CBN, os advogados adiantaram que, caso seja necessário, irão recorrer no Tribunal de Justiça do Paraná. Questionado se isso pode fazer com que o júri seja novamente adiado, Esteves disse estar confiante e que espera que o processo tenha o seu merecido desfecho na data já anunciada pelo juiz criminal.

Por Guilherme Batista

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