Ministério da Educação restringe pagamentos de horas extras e férias nas UTFPRs
O Ofício foi encaminhado na semana passada às secretarias de cada instituição e afeta todas as universidades federais do País.
O Governo Federal por meio do Ministério da Educação e Cultura emitiu uma determinação na semana passada para que sejam cortados os pagamentos com horas extras e férias sem prévio planejamento no orçamento anual das universidades federais de todo o País.
As Universidades Tecnológicas Federais do Paraná – UTFPRs sofrem com as restrições no estado.
A UTFPR se manifestou à nossa reportagem por meio de nota:
“A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) vem a público
esclarecer o Ofício N° 091/2020, expedido pela Diretoria de Gestão de Pessoas
na última sexta-feira (14), que suspende a implantação de novos gastos na folha
de pagamento dos servidores da Universidade.
A medida decorre dos ofícios n°8/2020/GAB/SPO-SPO-MEC e
n°49/2020/CGRH/DIFES/SESU/SEU-MEC, encaminhados pelo Ministério da
Educação no último dia 4 de fevereiro a todas as universidades federais sobre o
cumprimento dos limites de gasto com pessoal impostos pela legislação
brasileira.
Na UTFPR, até o presente momento, não há disponibilidade orçamentária que
autorize a realização de novas despesas com folha de pessoal. Caso procedesse
tais pagamentos, a Universidade estaria infringindo a legislação em vigor, mais
precisamente o Artigo 167 da Constituição Federal, que veda a realização de
operações de créditos que excedam o montante de despesas de capital, norma
conhecida como “Regra de Ouro”; o que poderia gerar, por consequência, a
responsabilização dos gestores da instituição por crime de responsabilidade
fiscal e improbidade administrativa.
Os processos que gerem impactos em folha como, por exemplo, as progressões
funcionais, serão tramitados normalmente. As respectivas portarias serão
emitidas, mas não haverá, por enquanto, a inclusão desses itens na folha de
pagamento.
A Universidade classifica como de extrema gravidade a situação, uma vez que
sua gestão é posta entre cometer uma das duas ilegalidades: o não pagamento
dos direitos legais dos seus servidores, que pode ser revestido por
suplementação orçamentária ou por decisão judicial, ou o cometimento de crime
de responsabilidade fiscal e improbidade administrativa, que poderia acarretar a
penalização dos agentes públicos da instituição.
Com participação da UTFPR, a questão foi tema de debate entre os reitores das
universidades federais em plenária realizada nos dias 11 e 12 de fevereiro em
Brasília (DF), na sede da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes Federais
das Instituições de Ensino Superior). A pauta do encontro tratou sobre a
execução do orçamento 2019, a Lei Orçamentária 2020, a Portaria n° 2.227/2019
– Concessão de diárias e passagens, e o Ofício MEC n°
1/2020/CGRH/DIFES/SESU/SESU/MEC, que trata dos provimentos de cargos
de docente e técnicos para o ano de 2020.
Das discussões, ficou deliberado que as instituições deveriam consultar suas
procuradorias jurídicas e seguir o entendimento que julgassem mais
conveniente, considerando as consequências legais de cada ação.
Ao analisar a situação, a Procuradoria Jurídica da UTFPR indicou que a
instituição não realizasse a inclusão dos itens que gerassem acréscimos na folha
de pagamento. Ficam preservados todos os gastos com pessoal já realizados
durante o exercício 2019: férias, adicionais, décimo terceiro salário, adicional de
qualificação, retribuição por titulação e contratos de professores substitutos, por
exemplo.
A UTFPR lamenta profundamente ter que tomar uma posição que, por mais
cautelosa que seja, afeta a carreira daqueles que fazem da instituição uma das
maiores e melhores universidades públicas do Brasil: seus servidores.
A Universidade acompanha de perto a articulação da Andifes, que já nesta
segunda-feira (17) realizou reunião com a presidência do Tribunal de Contas da
União para que haja uma saída para o impasse. O Tribunal orientou que a
entidade formulasse uma representação com as questões relevantes dos
gestores.
Da mesma forma, a UTFPR faz gestão junto aos órgãos federais e à bancada
paranaense para que tudo seja resolvido da maneira mais célere possível, sem
que haja maiores danos aos docentes, técnicos-administrativos e estudantes.”
A nota está na íntegra em nosso site.