A Prefeitura de Londrina confirmou nesta terça-feira a morte do morador de rua de 57 anos que se tornou conhecido após aparecer em um vídeo sendo expulso da fachada de uma lanchonete na rua Maranhão, no centro da cidade, no início do mês passado. Nas imagens, o dono do comércio aparece jogando água contra o homem. O óbito dele foi registrado no final de semana pelo Samu. De acordo com a certidão de óbito do andarilho, ele morreu de causas naturais.

Em nota, a prefeitura garantiu que o morador de rua, identificado como José Soriani, era atendido, há alguns meses, por uma equipe de abordagem intersetorial, formada pelo Centro de Atenção Psicossocial, Caps AD, o setor de Abordagem Social da Secretaria Municipal de Assistência, e o Consultório de Rua, da Secretaria de Saúde.

Ainda conforme o comunicado, foram realizadas consultas médicas, avaliações de saúde e discussões de caso sobre o paciente com a presença de todos os profissionais e serviços envolvidos. Em todas as abordagens, segundo a prefeitura, o paciente sempre manteve a postura cordial com a equipe. Apesar disso, ele nunca aceitou ser encaminhado para algum abrigo ou unidade de saúde. Em algumas vezes, de acordo com o município, ele ia de carro com a equipe até o abrigo, mas apenas para buscar comida.

Na última quarta-feira, dia 4 de novembro, conforme a prefeitura, houve uma ação envolvendo os serviços e também a família de Soriani, na tentativa de encaminhá-lo, via Samu, para internação involuntária em uma clínica de reabilitação. No entanto, como o morador de rua se apresentou calmo, comunicativo, orientado, consciente e com os sinais vitais estáveis, a equipe não conseguiu forçá-lo a entrar na ambulância.

As equipes iriam tentar fazer uma nova abordagem na próxima semana, mas o andarilho faleceu antes desta nova tentativa.

José Soriani tinha sido jogador de futebol na juventude, e vivia nas ruas de Londrina há alguns anos. O andarilho tinha problemas com alcoolismo.

A CBN tentou contato com os secretários de Saúde, Felippe Machado, e de Assistência Social, Jaqueline Micali, para saber mais detalhes sobre o atendimento prestado ao morador de rua, mas eles preferiram não gravar entrevistas. No início do mês passado, logo após a repercussão, a secretária conversou com a nossa equipe e confirmou que o homem sempre esteve no radar dos serviços de acolhimento do município, apesar de nunca aceitar ser encaminhado para clínicas ou abrigos. Na ocasião, ela também comentou a discriminação com a qual a população de rua precisar lidar todos os dias na cidade.