De acordo com as informações apresentadas pela ONG Repórter Brasil, foram identificadas substâncias prejudiciais à saúde em mais de 700 municípios brasileiros, entre os anos de 2018 e 2020. Nestes locais, o volume dos elementos ultrapassou o limite de segurança estabelecido no Brasil. Os dados analisados são do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua).

Segundo o estudo, o consumo de água contaminada pode acarretar em diferentes complicações, como problemas no sistema nervoso, nos rins e aumento na chance de se desenvolver câncer, por exemplo. O levantamento foi divulgado pelo Portal Bonde, no início desta semana, e mostra que Londrina teve, ao menos uma vez, durante este período, a presença de selênio acima dos parâmetros aceitáveis.

Clóvis Kuwahara, professor do curso de Medicina da PUCPR e especialista em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva, explica que contaminação por este elemento pode ocorrer   através do solo, que é a principal fonte, como também por materiais como borracha, fios e baterias. Segundo ele, a ingestão de selênio em excesso pode causar desconforto, náuseas e até provocar alterações neurológicas.

Apesar disso, o médico avalia ser pouco provável que o volume de selênio na água seja capaz de gerar uma intoxicação grave, já que seria necessário uma quantidade considerável da substância para que isso acontecesse.

Na região norte paranaense, as cidades de Uraí, Primeiro de Maio, Cornélio Procópio, Porecatu e Califórnia também tiveram diferentes substâncias prejudicais encontradas. Os testes constataram ainda que a região de Maringá, da mesma forma, teve municípios com água contaminada por elementos, durante o período do levantamento, entre 2018 e 2020.

Cynthia Malaghini, gerente de Avaliação de Conformidades da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), afirma que a água que chega até a torneira da população é segura. Segundo ela, mais de sete milhões de análises são monitoradas pelo serviço e os resultados são disponibilizados ao Sisagua.

Em nota, a Sanepar, apontou ainda que estes dados podem ser acessados no site da Companhia, na área “Qualidade da Água”. Os clientes podem solicitar outras informações diretamente pelos canais de atendimento disponíveis.

O comunicado também diz que não há notificações registradas por órgãos da Saúde, tanto em âmbito municipal, como estadual ou federal, que indiquem irregularidades ou omissão, por parte da empresa, no que diz respeito à qualidade da água ofertada.

Outros municípios que também identificaram substâncias prejudiciais na água, de acordo com o levantamento, foram as capitais São Paulo (SP), Florianópolis (SC), Teresina (PI) e Campo Grande (MS), como também as cidades de Guarulhos (SP), Uberaba (MG) e Ponta Grossa (PR).

Os estados que constataram o maior volume de testes acima do nível de segurança foram São Paulo e Paraná. Estes também foram os que mais realizaram exames para identificação dos elementos.