SáBADO, 10/12/2022, 09:03

Por ampla maioria, colégios estaduais de Londrina que poderiam ter administração terceirizada rejeitam medida em consulta pública

Dos 1.585 votos computados, apenas 335 foram favoráveis ao projeto, que também já recebeu duras críticas da APP-Sindicato. Em todo o estado, apenas duas das 27 escolas consultadas aprovaram terceirização.

A Secretaria Estadual de Educação divulgou nesta sexta-feira (9) o resultado da consulta pública realizada durante a semana com as 27 escolas que podem ter a administração terceirizada no próximo ano. A comunidade escolar das unidades foi convidada a se manifestar sobre a iniciativa e dizer se aprova ou não a terceirização. Em Londrina, os quatro colégios consultados se manifestaram contrariamente à medida. Dos 1.585 votos computados, apenas 335 foram favoráveis.

No Colégio Estadual Roseli Piotto Roehrig, que fica no conjunto José Giordano, na zona norte, foram 325 votos contrários e 55 a favor da terceirização. Já na escola Rina Maria de Jesus Francovig, no Campos Elíseos, na zona sul, 347 votaram a favor e outros 43 contra o projeto. As duas unidades atingiram o quórum mínimo de participação e, consequentemente, conseguiram rejeitar a medida.

No Colégio Estadual Lúcia Barros, que fica no Marieta, na zona norte, foram computados apenas 438 votos válidos, sendo 305 contrários e 133 favoráveis. A unidade tem 1.049 alunos matriculados. Já na escola Olympia Tormenta, que fica no conjunto João Paz, também na região, apenas 524 dos 1.077 alunos participaram, sendo que 420 se mostraram contrários e 104 favoráveis à terceirização. Por conta da baixa participação, a consulta pública vai precisar ser refeita nas duas escolas.

Em todo o Paraná, apenas duas das 27 escolas consultadas aprovaram a medida, uma em Curitiba e outra em São José dos Pinhais. Outras doze rejeitaram a proposta e treze, entre elas as duas de Londrina, vão precisar passar novamente pela consulta devido ao quórum insuficiente.

Nas redes sociais, a presidente da APP-Sindicato, que representa os professores da rede estadual, Walkyria Olegário Mazeto, destacou a importância do resultado, que, segundo ela, reflete a defesa feita pela comunidade escolar para que "a escola pública continue sendo pública e do povo". Em nota, a entidade argumenta que a terceirização poderia facilitar o mau uso dos recursos públicos, abrir brecha para superfaturamento e casos de corrupção, além de precarizar ainda mais a qualidade do ensino dos alunos.

Por conta de todos os apontamentos, o diretor da APP em Londrina, Rogério Fonseca, já tinha adiantado, à CBN no início da semana, que esperava pela rejeição por parte da comunidade escolar à terceirização.

Lançado em outubro, o projeto "Parceiro da Escola" prevê a contratação de empresas para gerenciar as áreas administrativa, financeira e estrutural dos colégios. A Secretaria Estadual de Educação defendeu a medida como suporte às escolas e aos profissionais que trabalham nas unidades. Ainda segundo a pasta, a autonomia pedagógica das escolas não será afetada, e haverá um acompanhamento permanente para garantir que os resultados propostos sejam alcançados.

Em entrevista à CBN esta semana, o diretor de comunicação da Secretaria Estadual de Educação, Leandro Beguosi, disse que as escolas permanecerão públicas e gratuitas. Ele também afirmou que muitas das informações que estão sendo divulgadas sobre o projeto são falsas e precisam ser esclarecidas junto à população.

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