SEGUNDA, 20/04/2020, 18:25

Ratinho Júnior mostra comportamento ambíguo ao não assinar carta junto com outros 20 governadores, avalia comentarista de política da CBN Londrina

Para Elve Cenci, ao mesmo tempo em que toma uma série de medidas a favor do isolamento social no estado, Ratinho também foge das críticas públicas e confrontos com o presidente.

Um dos sete governadores que não assinou a carta, Ratinho Júnior informou, por meio de sua assessoria no Palácio Iguaçu, que não vai se manifestar o assunto. Além dele, não assinaram o documento, divulgado neste domingo, os chefes do Executivo do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Minas Gerais e Distrito Federal. Entre os que assinaram, governadores de partidos de diferentes correntes, como o maranhense Flávio Dino, do PC do B, Wilson Witzel, do PSC, e o paraense Hélder Barbalho, do MDB.

Na chamada “Carta Aberta à sociedade brasileira em defesa da democracia”, os 20 governadores afirmaram que as declarações do presidente neste domingo, em um ato em Brasília que exaltou o AI-5, com ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, são uma afronta à democracia. Num rápido discurso diante de um grupo de pessoas que aguardava o início da carreata na capital federal, Bolsonaro também afirmou “Não queremos negociar nada”.

Para o comentarista de política da CBN Londrina, Elve Cenci, o fato de Ratinho Júnior não ter assinado a carta mostra um posicionamento ambíguo do governador paranaense, já que ao mesmo tempo em que tomou uma série de medidas a favor do isolamento social no estado, também evita críticas ou confrontos públicos com o presidente.

No documento, os governadores afirmaram ainda que atos como o de domingo afrontam princípios democráticos e manifestaram apoio a Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre, do Senado, no auxílio aos estados durante a crise do Coronavírus.

Na carta, os governadores disseram ainda que é fundamental superar eventuais diferenças através do esforço do diálogo democrático e desprovido de vaidades e que não há “conflitos inconciliáveis entre a salvaguarda da saúde da população e a proteção da economia nacional”. Os 20 chefes de executivos estaduais afirmaram também que as medidas tomadas por eles têm sido pautadas pela ciência.

Bolsonaro e governadores vêm travando uma batalha, que ganhou força depois do início da pandemia e principalmente após a decisão, contra a vontade do presidente, de muitos deles que decidiram fechar o comércio e outras atividades produtivas, para implantar o chamado distanciamento social.

Para Elve Cenci, Bolsonaro, que não tem partido, tem também demonstrado pouco interesse em buscar apoio das siglas e avalia que, com a eleição se aproximando, o presidente pensa apenas em transferir o ônus das medidas restritivas e da crise econômica para os governadores.

Para Cenci, Bolsonaro não faz questão de estabelecer vínculos com os governadores, sejam como aliados ou como oposição, e tem uma forma de fazer política que não passa pelos canais institucionais, com articulação e construção de uma base sólida no Congresso, mas apenas no contato direto com seu eleitorado.

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