SEGUNDA, 17/10/2016, 19:31

Réu na Publicano, advogado diz que foi preso “injustamente” pela operação

André Arruda esteve entre os réus que prestaram depoimento na audiência dessa segunda-feira (17). Ele também chamou de “mal feita ou malvada” a denúncia da 3º fase da investigação.

Três réus da ação penal oriunda da 3º etapa da Operação Publicano foram ouvidos nessa segunda-feira (17) pelo juiz Juliano Nanuncio, da 3º Vara Criminal de Londrina. Ao todo, esse processo tem 17 acusados. O primeiro depoimento ocorreu na última semana, quando o principal delator do esquema de corrupção na Receita Estadual do Paraná, Luiz Antônio de Souza, decidiu ficar em silêncio.

A audiência dessa segunda começou com a fala do réu André Arruda. Ele, que é advogado, chamou de “mal feita ou malvada” a denúncia do Ministério Público estadual, além de dizer que permaneceu preso “injustamente” por 54 dias. Uma das acusações que pesam contra Arruda trata da compra de dois imóveis cujos preços estavam pela metade nas escrituras. O MP entende que essa foi uma das formas utilizadas pelo grupo comandado pelo ex-delegado da Receita Estadual em Londrina, José Luiz Favoreto, para lavar o dinheiro obtido por meio da cobrança de propina de empresários. O acusado negou qualquer tipo de irregularidade na transação. André Arruda alegou que, apesar dos valores que constavam no documento, ele pagou pelos imóveis o que era cotado em mercado e que não possui problemas com o fisco.

O segundo a falar foi o contador Hederson Bueno, irmão do auditor fiscal Marco Antônio Bueno, também denunciado na Operação Publicano. Em seu depoimento, o réu afirmou que, depois da investigação, ficou com somente três clientes e que “vive de favor” com a mãe. Hederson Bueno admitiu que abriu algumas das empresas que, conforme o Ministério Público, seriam fachada para a lavagem de dinheiro, mas o contador declarou desconhecer qualquer tipo de ilegalidade nas companhias.

Bueno chegou a firmar acordo de delação premiada com o MP, mas, em certo ponto do seu interrogatório, falou que não se recorda mais do que havia revelado ao órgão. Para o promotor de justiça Jorge Barreto, essa declaração do réu deve ser averiguada.

O terceiro acusado ouvido nessa segunda também é um delator. O administrador de empresa João Roberto de Souza reiterou o que já havia afirmado em sua colaboração premiada. Apontou que tinha conhecimento da atuação criminosa do auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, que usava notas frias das companhias gerenciadas por ele, mas disse que não conhece os demais réus do caso. Jorge Barreto comentou que João Roberto de Souza tinha “profundo conhecimento” do esquema.

Três réus da ação da Publicano 3 irão depor nesta terça-feira (18). Os interrogatórios terminam na quarta-feira (19) com outros três réus – entre eles, o ex-delegado da Receita Estadual em Londrina, José Luiz Favoreto. Os demais acusados serão ouvidos por meio de cartas precatórias.

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