QUINTA, 15/04/2021, 18:23

Santa Casa de Londrina entra na Justiça para impedir que poder público requisite relaxantes musculares usados no tratamento de pacientes com coronavírus

Com os estoques praticamente esgotados, hospital precisou importar os medicamentos. No mês passado, prefeitura confiscou insumos em três distribuidoras de medicamentos da cidade.

A Santa Casa apresentou uma ação na 3ª Vara Federal de Londrina pedindo para que o poder público seja proibido de requisitar administrativamente insumos e medicamentos utilizados pelo hospital no tratamento de pacientes com coronavírus. Na solicitação, a instituição lembra que o material está em falta no mercado brasileiro, e que precisou trazê-lo de fora do país para evitar o desabastecimento. Foram adquiridos 26 mil frascos de relaxantes musculares usados em cirurgias e no processo de intubação dos doentes. A quantidade, conforme a Santa Casa, seria suficiente para suprir a demanda de atendimento por apenas 50 dias.

O hospital, no entanto, tem medo de que as autoridades, sejam elas municipais, estaduais ou federais, façam o confisco do material "por ser o caminho mais simples e rápido". O receio se tornou ainda maior depois que o próprio Ministério Público Federal recomendou para que a prefeitura fizesse a requisição tanto em empresas quanto nos hospitais.

Procurada pela CBN nesta quinta-feira (15), a assessoria de imprensa da Santa Casa de Londrina se posicionou por meio de nota. No comunicado, a instituição esclareceu que o mandado de segurança é por precaução, confirmando que quer evitar que os medicamentos importados sejam alvos de uma requisição por parte das autoridades. O hospital garantiu, ainda, que não houve nenhum pedido do tipo até o momento, reiterando que a solicitação à Justiça é uma medida preventiva tomada pela direção.

A falta de medicamentos para os chamados kits de intubação é um problema crônico e afeta o país inteiro. Em Londrina, o Hospital Universitário (HU) confirmou que já opera atendendo os pacientes utilizando material da chamada reserva técnica. A prefeitura, por sua vez, confiscou lotes de insumos e medicamentos em três grandes distribuidoras da cidade, no último dia 22, para evitar o desabastecimento. Na época, o prefeito Marcelo Belinati e o secretário de Saúde, Felippe Machado, garantiram que, se fosse necessário, novas requisições seriam feitas.

A CBN também procurou o secretário municipal de Planejamento, Marcelo Canhada, que disse que o município não voltou a fazer as requisições. Aparentemente, conforme ele, os estoques de insumos e medicamentos estariam normalizados na cidade.

Por Guilherme Batista

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