SEGUNDA, 09/10/2023, 16:21

Secretaria Estadual de Educação confirma que vai investigar apologia ao nazismo em colégio de Arapongas, na região de Londrina

Polêmica envolve trabalho de alunos do 3º ano do Ensino Médio, que, orientados por uma professora, exibiram bandeiras com suástica e manequim de Adolf Hitler na sala de aula e, ainda, entrevistaram filha de soldado nazista.

A Secretaria Estadual de Educação confirmou em nota, nesta segunda-feira (9), que vai investigar, por apologia ao nazismo, o trabalho de estudantes do Colégio Estadual Marquês de Caravelas, em Arapongas, na região norte do Paraná, que, na última semana, durante uma atividade envolvendo a 2ª Guerra Mundial, exibiram, em sala de aula, bandeiras com a suástica nazista e até um manequim fantasiado de Adolf Hitler. Alguns estudantes também usaram bonés com o símbolo nazista. Um grupo de alunos também foi até a cidade de Rolândia, a 15 quilômetros de Arapongas, para entrevistar uma idosa de 90 anos que é filha de um soldado nazista.

O caso veio à tona depois que a deputada federal Carol Dartora (PT) usou as redes sociais para divulgar imagens da atividade. Imagens que, inclusive, haviam sido divulgadas pelo próprio colégio também nas redes sociais. A publicação da parlamentar já tem mais de 8 mil curtidas e 1.100 comentários, boa parte deles condenando a forma como o trabalho escolar foi realizado. A atividade teria sido organizada e autorizada por uma professora, que ainda não se manifestou sobre o caso, assim como a direção do colégio, que, por conta da chamada Semana do Saco Cheio, não funcionou nesta segunda-feira.

Já o Núcleo Regional de Educação de Apucarana, que gerencia as atividades dos colégios de Arapongas, chegou a se manifestar a favor do trabalho, destacando que o objetivo dele "era detalhar os horrores da Segunda Guerra Mundial para que tais eventos nunca mais se repitam". No entanto, o órgão voltou atrás e informou que, por enquanto, as informações estão centralizadas junto à Secretaria de Educação.

O Núcleo também havia curtido a publicação envolvendo o trabalho escolar. A postagem, no entanto, foi apagada depois de ter causado polêmica. As imagens eram acompanhados por um texto, que detalhava o "projeto sobre a 2ª Guerra Mundial" e informava que os alunos tinham tido "uma tarde cultural entrevistando uma senhora sobrevivente da guerra e todas suas vivências dessa época tão triste".

A publicação confirmou que a senhora entrevistada, identificada como Relinda Kronemberg, nasceu em Rolândia em 1934 e que com 8 anos de idade ela voltou com a família para a Alemanha, uma vez que "o seu pai era nazista e queria lutar pelo país". O soldado em questão, ainda segundo a postagem, foi preso pelos soviéticos em 1944 e, mesmo com o fim da guerra, continuou detido "nos campos de trabalho forçado" da União Soviética. "Depois de muito sofrimento", continua o colégio, o militar nazista "veio a ser trocado por soldados soviéticos com a Alemanha". A filha dele, por sua vez, voltou para o Brasil após se casar.

Na nota divulgada nesta segunda, a Secretaria Estadual de Educação confirmou a apuração do caso e reforçou que "a apologia a quaisquer doutrinas, partidos, ideologias e demais referências ao nazismo são veementemente intoleradas em qualquer escola da rede estadual". A situação relatada em Arapongas, ainda conforme o comunicado, é "encarada com extrema gravidade". A secretaria garantiu que "instaurou procedimento de averiguação urgente" e que "voltará a se manifestar assim que o levantamento for concluído".

Por Guilherme Batista

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