Tentativa de derrubar decreto do prefeito que obrigava vacinação de servidores racha a Câmara de Londrina
Empate na votação fez com que a proposta não fosse votada em regime de urgência na sessão
Um pedido para votar em regime de urgência o projeto que derrubava o decreto do prefeito Marcelo Belinati obrigando a vacinação contra a Covid-19 de todos os servidores municipais rachou a Câmara de Londrina.
Eram necessários dez votos para que a proposta fosse votada ainda na sessão desta terça-feira, mas o placar foi o mais apertado dos últimos tempos: nove votos favoráveis e nove contrários, com a ausência do presidente Jairo Tamura, que estava em reunião na Polícia Civil tratando do atentando ao prédio da Câmara na madrugada de segunda-feira.
O prefeito Marcelo Belinati assinou o decreto em 28 de setembro estipulando que recusar a vacina contra a Covid-19 sem apresentar justificativa seria considerada falta funcional, com risco inclusive de responder a um processo administrativo. Um levantamento feito pela Secretaria de Recursos Humanos mostrou que 135 servidores não tomaram a vacina, dos quais apenas 47 enviaram justificativas.
Na última sexta-feira, seis vereadores protocolaram um projeto de decreto legislativo que suspendia o decreto do prefeito. Como outros projetos de lei, deveria passar por todas as comissões, mas os parlamentares tentaram acelerar o processo, colocando em regime de urgência. Manifestantes favoráveis a esta iniciativa acompanharam a votação do lado de fora do prédio da Câmara.
Do lado de dentro, a discussão foi quente. A vereadora Jessicão afirmou que alguns colegas haviam acertado com ela voto favorável no dia anterior, mas acabaram mudando de opinião no plenário.
Já Fernando Madureira, líder do prefeito na Câmara que votou contrário à urgência, declarou ter recebido ameaças por telefone pelo posicionamento na votação.
A secretária de Recursos Humanos, Juliana Bellusci Faggion, defendeu que o direito dos servidores é respeitado, porém a questão esbarra em um conflito de autonomia dos poderes.
Com a rejeição da urgência na discussão, o projeto será enviado primeiro à Comissão de Justiça, posteriormente à de Seguridade Social para só então ser discutido em plenário em duas votações.