Transportes Coletivos Grande Londrina anuncia que não vai participar de edital e que está encerrando as atividades
Diretor da TCGL diz que foi uma decisão racional e que licitação lançada pela Prefeitura traz uma série de exigências e obrigações que tornam a operação do sistema inviável.
No ofício protocolado na CMTU e na Prefeitura, a Transportes Coletivos Grande Londrina informa que não participará da Concorrência Pública para o sistema de transporte público coletivo da cidade e comunicou ainda o encerramento de suas atividades, já no dia 19 de janeiro, quando se encerra o contrato atual. Após 60 anos atuando na cidade, a TCGL diz que analisou o edital detalhadamente e avalia que as regras e critérios dele não cobrem os custos do sistema.
A empresa fez uma lista com mais de dez motivos para não participar do certame e convocou a imprensa para anunciar a decisão. Entre os pontos questionados estão o critério de escolha da vencedora pelo menor preço, o que para a empresa deixa de lado o fator técnico e traz riscos para a operação do sistema em uma cidade do tamanho de Londrina.
O diretor geral da TCGL, Gildalmo de Mendonça, não descarta a participação em um novo edital, mas deixa claro que nas condições atuais a empresa não interesse em continuar operando o sistema. O diretor da TCGL diz que não foi uma decisão radical.
Para a empresa, a planilha adotada na licitação poderia ter sido baseada na nova planilha desenvolvida por entidades como a Associação Nacional de Transportes Públicos e o Fórum Nacional dos Prefeitos, o que traria mais equilíbrio nas relações econômicas e operacionais entre concessionária e o Município. A TCGL diz que a planilha adotada elimina qualquer tipo de ganho por eficiência e desestimula a redução de custos.
Gildalmo Mendonça afirma ainda que a licitação que está em andamento traz uma série de exigências e obrigações que a tornam inviável de ser cumprida; como o valor da outorga, de mais de R$ 7 milhões; o volume de investimentos para implantar a bilhetagem; além da compra de 21 ônibus novos. Apenas este quesito representa um investimento de mais de R$ 6 milhões.
Para a empresa, o edital não garante aos futuros operadores a execução segura do contrato, já que não prevê a existência de uma entidade independente para geri-lo, evitando assim interferências políticas.
O diretor geral da TCGL diz que a tarifa dos ônibus deveria custar R$ 4,60 para que o sistema funcione satisfatoriamente e que só esse ano a empresa acumula um prejuízo de R$ 11 milhões e que pode chegar a R$ 13 milhões.
Perguntado sobre a possibilidade do edital dar deserto, termo usado quando nenhum interessado aparece, Gildalmo Mendonça sugere que é melhor investir o dinheiro no mercado financeiro e pescar.
O diretor da TCGL, que opera 85% do sistema atual, diz que lamenta a situação e que já comunicou a decisão ao Sindicato da categoria. Hoje, a empresa tem mais de 1.600 funcionários e uma frota de 337 ônibus.
A reportagem da CBN Londrina conversou com o prefeito Marcelo Belinati, que disse ainda não ter sido informado da decisão da TCGL e que na segunda-feira falaria sobre o assunto. A CMTU informou apenas que ainda está analisando o ofício encaminhado pela empresa.