SEXTA, 21/07/2017, 19:17

Um dia depois do anúncio do reajuste nos preços dos combustíveis, todos os postos visitados pela reportagem da CBN Londrina já tinham repassado o aumento para o consumidor

Em alguns postos da cidade, a gasolina deu um salto e passou a custar R$ 3,89.

Não deu tempo nem do consumidor assimilar o anúncio feito na quinta-feira pelo Governo Federal. No dia seguinte, o aumento da tributação sobre os combustíveis já estava nas bombas. Na maioria dos postos de combustíveis de Londrina, o reajuste da gasolina foi, em média, de R$ 0,40. Teve posto da cidade, vendendo o litro a R$ 3,89.

A reportagem da CBN Londrina visitou alguns deles durante a tarde de sexta-feira. Em todos os quatro postos que passamos, o aumento já tinha sido repassado para o consumidor. Na Duque de Caxias, próximo à Câmara de Vereadores, a gasolina estava com preço novo: R$ 3,75 e o etanol a R$ 2,68. Ainda na Duque de Caxias, a apenas alguns metros de distância do outro posto, a gasolina comum estava bem mais cara: R$ 3,89, diferença de 14 centavos, e o álcool a R$ 2,79, 11 centavos a mais. Em um dos postos da avenida JK, a gasolina estava 20 centavos mais barata, R$ 3,69 e o álcool a R$ 2,69, 10 centavos a menos. Mais adiante, também na JK, gasolina a R$ 3,88 e álcool a R$ 2,68.

Alguns postos reajustaram os preços na manhã de sexta-feira, outros durante a tarde. Mas teve comerciante repassando o reajuste ainda na quinta-feira, antes mesmo do fim do estoque comprado a preços antigos.  É o que diz o técnico em manutenção hidráulica, Jaci Santos, que usa o carro pra trabalhar e precisa abastecer todos os dias.

O aposentado Sebastião Mastins, estava indignado com o aumento, que considerou abusivo. E ainda aproveitou para desabafar e criticar o presidente da República que afirmou que a população ia entender o aumento.

Em um dos postos visitados pela reportagem, na avenida JK, o aumento chegou às bombas na tarde de sexta-feira. Segundo o gerente, que não quis gravar entrevista, o movimento pela manhã foi grande e o estoque de gasolina e álcool acabou. Sem combustível nos tanques pra vender, ele passou a tarde sem vender nada, até que um novo carregamento chegasse. O cabeleireiro Láercio Custódio é londrinense mas mora em Florianópolis. Estava se preparando pra pegar a estrada, precisou encher o tanque e sentiu no bolso o reajuste.

O economista Marcos Rambalducci avalia que o governo tinha algumas opções para cobrir o rombo nas contas em 2017, que chegou próximo de R$ 18 bilhões. Para Rambalducci, o governo tinha duas possibilidades para acabar com esse déficit: reduzir despesas ou aumentar receitas. E acabou escolhendo a opção mais fácil.

Para Rambalducci, o rombo nas contas precisava ser coberto. O problema foi justamente a escolha pelo caminho mais fácil. O economista avalia que falta credibilidade ao governo para impor um aumento de impostos. E que a conta acabou, mais uma vez, no bolso da população. Ainda mais com a liberação, nos últimos dias, de recursos de emendas parlamentares para satisfazer os aliados políticos.

Em nota, o Sindicombustíveis Paraná informou que vê com grande preocupação a elevação de impostos e que o aumento do PIS/Cofins, mais que dobrando o valor no caso da gasolina, já tem grande repercussão nos preços. Ainda segundo a nota do Sindicombustíveis, as distribuidoras são ágeis na hora de repassar o aumento e a margem de lucro dos postos chega a ser menor que o próprio reajuste. E conclui a nota destacando que a carga de impostos sobre os combustíveis no Brasil já era extremamente pesada. No caso da gasolina, os tributos estaduais e federais representam cerca de 50% do preço de venda.

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