QUARTA, 08/09/2021, 16:48

Apesar de questionamentos do Observatório de Gestão Pública, Prefeitura de Londrina vai manter licitação que prevê a compra de quatro SUVs por R$ 360 mil

Órgão de fiscalização contestou a necessidade da aquisição dos veículos, que vão ser usados por funcionários e secretários em viagens longas. Gestão Pública diz que não há luxo na escolha dos modelos, e defende que compra vai trazer economia aos cofres públicos, além de segurança aos servidores.

A Prefeitura de Londrina dá andamento, nos próximos dias, à assinatura do contrato com a empresa Mundial Motor's, de Santa Catarina, para a compra de quatro carros modelo SUV para a administração municipal. Cada veículo custa cerca de R$ 90 mil. Ou seja, o valor total a ser desembolsado pelo município gira em torno dos R$ 360 mil. Os veículos vão ser usados pelas secretarias de Planejamento, de Gestão Pública e de Políticas para as Mulheres, e também pela chefia de gabinete do prefeito Marcelo Belinati, em viagens oficiais de servidores e secretários para outras cidades e até estados próximos, como Santa Catarina e São Paulo.

Estão sendo adquiridos carros de cor branca, zero km, com combustível flex, câmbio automático, direção hidráulica, ar-condicionado, alarme e travas elétricas, entre outras particularidades.

A licitação, aberta no mês passado, chamou a atenção do Observatório de Gestão Pública, que enviou uma série de questionamentos ao município contestando, principalmente, a necessidade da aquisição de veículos que têm um preço maior na comparação com o de carros mais populares. O órgão de fiscalização também quis saber a média de quilômetros rodados durante as viagens oficiais, os custos delas, e o número exato de compromissos dos secretários e servidores em outras cidades.

Em entrevista à CBN nesta quarta-feira (8), o assessor jurídico do Observatório, Lucas Fernandes, disse que as respostas enviadas pelo município foram abrangentes, e que algumas dúvidas em relação ao processo persistem.

Nós também procuramos o secretário de Gestão Pública, Fábio Cavazotti, que preferiu não gravar entrevista. Em uma mensagem enviada à reportagem, ele garantiu que não vai rever a licitação, argumentando que os veículos "foram definidos de acordo com a necessidade" do município. Ele também negou que houve luxo ou excessos, e explicou que a escolha por um carro de grande porte se deve à segurança que ele trará a gestores e servidores principalmente nos deslocamentos externos. Ainda segundo Cavazotti, a prefeitura "prioriza o transporte por carro em detrimento de deslocamento aéreo, em razão dos custos", mas os veículos atuais da frota da prefeitura para viagem, de acordo com ele, não apresentam mais segurança para tal.

O secretário garantiu que o valor de R$ 90 mil é compatível com o veiculo comprado, e que os servidores públicos municipais "merecem esta segurança". Ele criticou o fato de o Observatório ter divulgado a situação antes de questionar o município, e reiterou que "pelo princípio da eficiência, segurança dos servidores e economicidade a compra se fez vantajosa".

O assessor jurídico do Observatório garantiu que os questionamentos já tinham sido feitos em agosto, e que só foram divulgadas informações que já tinham sido discutidas durante uma reunião pública do órgão.

Ele também ressaltou a importância do trabalho realizado pelo órgão no acompanhamento dos recursos desembolsados pelo poder público.

Apesar de continuar acompanhando a situação, o Observatório descarta a possibilidade de encaminhar o caso ao Ministério Público.

Por Guilherme Batista

Comentários