QUINTA, 08/06/2017, 19:02

Depois de muita polêmica por todo o país, ministério da Educação decide recolher das escolas o livro “Enquanto o sono não vem”

Distribuída para alunos do ensino fundamental, publicação aborda o tema incesto e foi considerada inadequada para os estudantes de seis a oito anos.

Um livro infantil distribuído pelo Ministério da Educação às escolas públicas gerou muita polêmica entre professores, pedagogos e pais de alunos por todo o país. Entre os contos da publicação, há um que conta a história do pedido de casamento de um pai para uma das três filhas. A menina é trancada numa torre por se recusar a casar com o pai, é torturada, ameaçada e acaba morrendo. O livro “Enquanto o sono não vem” era destinado a alunos de primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental, com idades entre 6 e 8 anos. Além do pedido de casamento à filha, o conto “A triste história de Eredegalda”, fala ainda de outra proposta feita pelo pai, que a mãe da menina seja criada deles. O deputado federal Alex Canziani, do PTB, que é presidente da Frente Parlamentar da Educação do Congresso disse ter ficado indignado com a obra. Para o deputado, a história faz apologia ao incesto, à pedofilia e ao machismo e a decisão do Ministério foi acertada.

Segundo o Ministério, a decisão foi tomada depois de um parecer técnico da Secretaria de Educação Básica. Serão recolhidos todos os 93 mil exemplares do livro, que foi distribuído pelo Programa de Alfabetização na Idade Certa, para estudantes de primeiro, segundo e terceiro anos do ensino fundamental das escolas públicas. Os técnicos da Secretaria de Educação Básica consideraram a obra inadequada para crianças dessa faixa etária, pela abordagem do tema incesto. Diversas prefeituras por todo o país já tinham decidido recolher o livro das escolas. Na última reunião da Comissão de Educação da Câmara, Canziani criticou a publicação.

O livro foi selecionado pelo Programa de Alfabetização na Idade Certa em novembro em 2014, ainda no Governo Dilma Roussef. Na época, o material foi avaliado e aprovado por uma equipe de especialistas do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. 

No parecer, os técnicos do Ministério afirmaram que “as crianças no ciclo de alfabetização, por serem leitores em formação e com vivências limitadas, ainda não adquiriram autonomia, maturidade e senso crítico para problematizar determinados temas com alta densidade, como é o caso da história em questão.

Com o recolhimento dos livros, o MEC vai redistribuir o material para uso em bibliotecas públicas de todo o País.  Segundo o Ministério da Educação, todo o processo de seleção dos livros didáticos e paradidáticos usados na rede pública de ensino está sendo revisto. 

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