QUINTA, 18/03/2021, 10:29

Nova condenação da Operação Sicário escancara existência de um "tribunal do crime" em Londrina

Denúncia também conseguiu comprovar a influência de um preso da Penitenciária de Piraquara no crime organizado em diversas cidades do norte do estado. Até o momento, seis das 22 ações penais apresentadas pelo Ministério Público foram julgadas.

A última condenação da Operação Sicário, que apura a influência de uma conhecida facção criminosa no tráfico de drogas de Londrina e região, escancarou a existência do chamado "tribunal do crime" no norte do estado. Três dos doze réus condenados teriam sequestrado e torturado uma pessoa em Londrina a mando do grupo. A vítima seria um integrante da facção que, segundo as investigações, teria desobedecido o conjunto de regras estabelecido pelo crime organizado e, por isso, acabou "julgado" e "condenado" a uma grave agressão. Neste caso, o alvo escapou com vida do chamado tribunal, mas há outros diversos casos em que a suposta desobediência terminou em morte. As informações são da promotora Márcia Regina Menezes dos Anjos, responsável por apresentar todas as 22 ações penais da Sicário à Justiça.

A última denúncia, segundo a promotora, também conseguiu comprovar a influência de um preso da Penitenciária de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, no andamento dos "negócios" do crime organizado em Londrina e região. Segundo as investigações, seria um membro influente da facção criminosa, que continuava comandando o tráfico de drogas em cidades como Ibiporã e Ivaiporã mesmo estando detido. Também foi possível mostrar, de acordo com Márcia, que, ao mesmo tempo em que prestavam contas para a facção, os grupos tinham esquemas próprios nos municípios para a comercialização de entorpecentes.

A Operação Sicário é de 2019, quando mais de 130 pessoas foram denunciadas criminalmente à Justiça por envolvimento na mega organização criminosa que, segundo as investigações, ditava o ritmo do crime organizado em diversas cidades do estado de dentro dos presídios. Tanto é que boa parte dos alvos da operação já está presa. Até o momento, seis das 22 ações penais foram julgadas, o que rendeu penas pesadas, de até 30 anos de prisão, para os acusados. A promotora destaca a importância das condenações para o reconhecimento do trabalho de investigação, e diz esperar que os demais processos continuem sendo analisados.

Por Guilherme Batista

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