QUARTA, 29/01/2020, 14:32

Pastor de igreja evangélica de Londrina pede assinaturas durante culto para criação do partido Aliança pelo Brasil, do presidente Jair Bolsonaro

Deputado Filipe Barros confirma que pediu para o pastor fazer apelo, e diz que não vê nada de errado nisso. Para analista político, episódio se torna problemático quando se é levado em conta o princípio do estado laico.

Fieis da Igreja Presbiteriana Central de Londrina, no Norte do Paraná, foram convidados a assinarem uma ficha de apoio à criação do partido Aliança pelo Brasil, idealizado pelo presidente Jair Bolsonaro. O apelo foi feito durante um culto e pelo próprio pastor que ministrava as atividades. O reverendo Emerson Patriota “desafiou” os presentes a passarem em uma sala reservada na igreja, logo após a celebração, para assinarem o documento que deve ser entregue à Justiça Eleitoral. Representantes de um cartório da cidade, inclusive, estavam presentes para reconhecer as assinaturas.

O recolhimento das assinaturas foi organizado pela direção da igreja a pedido do deputado federal Filipe Barros, que é apoiador de Bolsonaro e frequenta os cultos. Durante a celebração, um ônibus com imagens do presidente, de Barros e do partido ficou estacionado em frente à igreja. Em entrevista à CBN, o parlamentar confirmou o pedido e disse que não vê nada de errado nisso.

Ele também adiantou que deve organizar eventos de recolhimento de assinaturas em outras igrejas da cidade nos próximos meses. Para tirar o Aliança do papel, Jair Bolsonaro precisa de pelo menos 492 mil assinaturas.

Para o analista político da CBN, Elve Cenci, apesar de não ser ilegal, o episódio é problemático porque corrompe o princípio do estado laico. Ele destaca que os fieis, independentemente da religião praticada, têm todo o direito de participar da discussão política e até de apoiar certos candidatos. O problema, conforme Cenci, é quando certos limites não são respeitados.

Por Guilherme Batista

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