SEGUNDA, 27/01/2020, 06:55

Terceirização da coleta seletiva seria um retrocesso para Londrina, diz pesquisadora da UEL

Lilian Aligleri afirma ainda que CMTU teve acesso a um amplo diagnóstico do sistema de coleta seletiva da cidade e que vem faltando discussão ao tema.

A informação de que a coleta seletiva de Londrina passaria por mudanças começou a circular ainda no ano passado. De acordo com a CMTU, a terceirização do sistema é uma das possibilidades estudadas pelo Município. Em entrevista à CBN Londrina, na semana passada, o diretor de Resíduos da Companhia, Gilmar Domingues, afirmou que os problemas recorrentes com a coleta seletiva levaram a empresa a aplicar 12 notificações às cooperativas e que “do jeito que está não dá pra continuar”.

A professora Lilian Aligleri, do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Resíduos da UEL, cita o pioneirismo da cidade na área, com a inclusão dos catadores no processo, antes mesmo da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A pesquisadora diz que, ao longo dos anos, até por questões conjunturais, o sistema passou a enfrentar uma série de dificuldades, entre elas a logística de transporte, a gestão das cooperativas, além da diminuição da quantidade de material destinado para a reciclagem.

Lilian Aligleri diz que todos os fatores envolvidos acabam influenciando no funcionamento do sistema de coleta seletiva, que ficou ainda mais complexo com a entrada em vigor da Política Nacional de Resíduos Sólidos e a entrada de novos atores no processo.

Por isso, a pesquisadora diz que não há solução pontual, mas um conjunto de ações. A professora afirma ainda que um projeto da Universidade, que durou dois anos e realizou estudos em 15 áreas diferentes, fez um diagnóstico completo do sistema de coleta seletiva de Londrina.

A coleta seletiva no sistema porta a porta é feita uma vez por semana e chega a 100% do Município, totalizando mais de 230 mil domicílios e recolhendo, em média, 9 mil toneladas de material, que acaba comercializado diretamente no mercado. As sete cooperativas da cidade empregam hoje cerca de 340 recicladores.

A professora afirma que vem faltando discussão ao tema e que a CMTU teve acesso a todas as informações levantadas pelo projeto de pesquisa da UEL. Ela diz que a terceirização levantada pela companhia seria um retrocesso para a coleta seletiva de Londrina.

O “Programa Londrina Recicla” foi criado em 2009 e no ano seguinte foi assinado o primeiro contrato com a COOPER REGIÃO, ainda hoje maior da cidade. As cooperativas recebem um subsídio de R$ 5,5 milhões anuais para apoio administrativo e técnico, compra de uniformes e equipamentos; além de uma verba para recolher o INSS e pagar os barracões.

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