QUARTA, 20/09/2017, 18:50

Cresce o clima de tensão na fazenda invadida pelos índios Kaingáng em Tamarana

Audiência na Justiça Federal de Londrina, nesta sexta-feira, é uma tentativa de solução pacífica para o caso.

A audiência de conciliação será realizada nesta sexta-feira na 3ª Vara da Justiça Federal de Londrina. Qualquer decisão sobre o pedido de reintegração de posse da área, invadida no dia 12 de setembro, pelos índios Kaingáng, só deve ser tomada após a audiência. A reunião vai ter a participação de representantes do Ministério Público, da Advocacia Geral da União, da FUNAI, dos índios e proprietários da fazenda.

O dono da fazenda Tamarana, Eucler Ferreira, preferiu não gravar entrevista, mas disse à reportagem que os relatos de funcionários dão conta de que o clima na área é cada vez mais tenso. Os funcionários estariam se sentindo acuados com o número cada vez maior de indígenas na fazenda e até uma fonte de água da propriedade já teria secado em função disso. O advogado dos proprietários, Alexandre Ferreira, afirma que o prejuízo com a invasão da fazenda é grande e que danos à propriedade só poderão ser verificados quando a propriedade for desocupada. O advogado diz que a expectativa dos donos da fazenda é por uma solução negociada já na audiência desta sexta-feira.

Os cerca de 500 índios Kaingáng da Reserva Apucaraninha invadiram a fazenda Tamarana no final da manhã do dia 12 de setembro. Eles dizem que houve um erro na demarcação das terras e que teriam perdido mais de 700 hectares.  O cacique Natalino Marcolino diz que não vai haver vandalismo na propriedade e que os quase dois mil índios da Reserva estão esperando há anos uma solução para o problema.

Marcos César Cavalheiro, chefe da coordenação da FUNAI em Londrina, confirma a diferença entre duas medições feitas na área. Uma delas nos anos 1950 e outra realizada em 2015. O coordenador da FUNAI na cidade afirma que a expectativa é que, pelos menos, a situação comece a ter uma solução já na audiência de conciliação desta sexta-feira. Segundo Cavalheiro, os índios decidiram fazer uma nova medição da área por conta própria.

A medição feita na área em 2015 pelo Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná, chegou à conclusão de que a Reserva tem cerca de 5.570 hectares, em vez dos 6.300 oficiais. Ele diz que o levantamento do Instituto de Terras foi encaminhado para avaliação do Ministério Público Federal e da FUNAI.

A reportagem da CBN Londrina não conseguiu contato com o cacique da tribo Kaingáng, Natalino Marcolino. Os Kaingáng formam um grupo de, aproximadamente, 25 mil índios que vivem nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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