QUINTA, 03/10/2019, 14:33

Diretor de cemitério e companheiro chefiavam esquema criminoso de venda de túmulos em Ibiporã, no Norte do Paraná

Duas funerárias e coveiros também teriam participação, segundo a polícia. Grupo pode ter lesado centenas de famílias.

A operação policial, denominada Necrópole, cumpriu cerca de 50 mandados judiciais nesta quinta-feira. Foram presas de forma temporária treze pessoas acusadas de participação no esquema criminoso que, segundo as investigações, fez a venda ilegal de túmulos no cemitério municipal de Ibiporã, no norte do Paraná, nos últimos anos. De acordo com o delegado Tiago Vicentini, responsável pela operação, o diretor do cemitério, Paulo Ribeiro, está entre os detidos e seria o chefe do grupo junto com o seu companheiro, que também foi preso. A organização, conforme o delegado, fazia a remoção de restos mortais dos jazigos sem a autorização dos familiares e os revendia para terceiros. Algumas das ossadas, inclusive, foram encontradas escondidas no escritório administrativos do cemitério. Os valores exigidos pelos túmulos variavam entre dois mil e 22 mil reais.

Ainda segundo o delegado, também foram presas pessoas que teriam se passado por donos dos túmulos comercializados ilegalmente, além de coveiros e donos de funerárias, que ajudavam a intermediar as negociações. Tudo era feito por debaixo dos panos, com a emissão de recibos e a utilização de documentos oficiais. Até o momento, a polícia conseguiu identificar 30 vendas ilegais, mas, segundo o delegado, centenas de famílias podem ter sido lesadas pelo esquema.

A polícia também cumpriu vinte e dois mandados de busca e apreensão em endereços de Londrina e Ibiporã ligados aos acusados. Cerca de quinze veículos, seis deles das funerárias, também foram apreendidos. Vicentini destaca, ainda, que a casa do diretor do cemitério e a academia do companheiro dele, bens adquiridos supostamente com o dinheiro do esquema, foram sequestrados judicialmente. Esse foi o jeito encontrado pela polícia para garantir possível ressarcimento às famílias prejudicadas.

O vereador Rafael da Farmácia também foi ouvido pela polícia no dia da operação. Segundo testemunhas, o parlamentar sabia do esquema e chegou a indicar possíveis clientes ao grupo criminoso. Depois de prestar depoimento, ele admitiu as indicações, mas alegou que só soube do esquema ilegal na última segunda-feira. O vereador garantiu ainda nunca recebeu nada do grupo.

A polícia não descarta a participação de ainda mais pessoas na organização. O prejuízo causado pelo grupo aos cofres públicos ainda está sendo levantado. A investigação também está atrás de outras vítimas do esquema.

 

NOTA RETORNO

Conversamos com o advogado do diretor do cemitério, Paulo Ribeiro, mas ele disse que, por enquanto, prefere não se manifestar. Também tentamos contato com a prefeitura de Ibiporã, para saber o posicionamento do município em relação às investigações, mas não obtivemos retorno até o início da tarde desta quinta-feira.

Por Guilherme Batista

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