QUINTA, 28/05/2020, 19:48

Estudo com participação de pesquisador da UEL avalia impactos econômicos do isolamento social no país

Em Londrina, apenas nos dois últimos meses, por exemplo, foram cerca de 4.200 vagas formais perdidas e até o fim do ano, a estimativa é de 6 mil postos a menos.

O estudo "Impactos econômicos de curto prazo do combate ao vírus COVID-19" utiliza dados do IBGE, Ministério do Trabalho e Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. O trabalho se baseia na cadeia de produção e no efeito renda, quando reduz os gastos, circula menos dinheiro, e com isso o prejuízo geral na economia aumenta.  

O estudo observou variáveis como produção, emprego, impostos e rendimento do trabalho, num período de 30 dias entre março e abril de 2020. Sem considerar as medidas governamentais, das três esferas públicas, na proteção às atividades econômicas.

A pesquisa é assinada pelos professores Umberto Sesso Filho, do Departamento de Economia do Centro de Estudos Sociais Aplicados da UEL, Paulo Brene, da UENP, Luan Bernardelli da UNESPAR, e Ronaldo Rangel, da FGV de São Paulo. Os quatro formaram há 10 anos, um grupo que estuda o desenvolvimento regional e utilizaram as informações já reunidas ao longo desse tempo como base para o novo trabalho.

O professor Umberto Sesso Filho cita um número apontado pelo estudo que chama a atenção. Depois de um mês de isolamento social, e sem considerar as medidas tomadas pelos governos, as projeções indicam a perda de mais de 2 milhões de empregos formais em todo o país, apesar das atividades essenciais em funcionamento.

No Paraná, segundo Umberto Sesso, seriam aproximadamente 130 mil empregos perdidos até o fim do ano. Só em abril já são 60 mil postos de trabalho a menos.

No caso de Londrina, apenas em março e abril foram cerca de 4.200 vagas formais perdidas. Até o fim de 2020, a estimativa é que a cidade perca até seis mil postos, isso se o chamado isolamento horizontal não voltar.

De acordo com o professor, a queda no Produto Interno Bruto do país, apontada pelo estudo, apenas nesse primeiro semestre, seria de mais de 3,2%.

Nem todos os 56 setores da economia do país, analisados pelos pesquisadores, sofreram a mesma redução na demanda. Mas, os impactos alcançam todos, direta ou indiretamente, diz Umberto Sesso. Além da queda na renda, que reduz o consumo de bens duráveis e de maior valor agregado, o professor aponta outros dois efeitos do isolamento.

Segundo o professor, um começo de recuperação só mesmo a partir de agosto, com a volta de todas as atividades econômicas. Mas o fantasma do desemprego e a queda da renda vão continuar assustando os trabalhadores.

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