QUARTA, 23/05/2018, 19:08

Greve dos caminhoneiros causa efeito cascata em vários setores da economia

Paralisação provocou uma corrida de consumidores aos postos da cidade e em grande parte deles já não há mais combustível. Entidades demonstram preocupação com a continuidade do movimento dos caminhoneiros.

No terceiro dia da paralisação dos caminhoneiros, o movimento ganhou força no Paraná e em todo o país. A categoria diz que a paralisação é por tempo indeterminado e que só volta a circular quando for atendida pelo Governo Federal. Eles dizem que os altos preços dos pedágios e dos combustíveis tornaram a profissão inviável. Jonas Marques Pereira é autônomo e conta que em um dos principais pontos de manifestação em Londrina, na PR-445, são cerca de 500 caminhões parados.

Segundo o caminhoneiro, todos os veículos de carga estão sendo parados. Só estão passando os veículos de passeio.

As filas nos postos de combustíveis começaram ainda na noite de terça-feira. E continuaram por toda a quarta-feira. A cena virou rotina. Se o trânsito estava ruim, quase sempre era por que tinha uma fila de motoristas em busca de combustível. No fim da tarde de quarta, em um dos postos da cidade que ainda tinham combustível, na avenida JK, a fila de carros à espera de abastecimento complicou o trânsito.

Entre os consumidores o receio de que a greve dos caminhoneiros se prolongue por mais tempo. A bioquímica Vera Lúcia divide o carro com a filha e apesar de estar com o tanque pela metade, decidiu completar.

O professor Eduardo Dias diz que usa o carro todos os dias para dar aula em Cambé e aqui em Londrina. Ele também decidiu encher o tanque.

E durante a reportagem, o álcool e a gasolina do posto acabaram. E a fila rapidamente se desfez.

Em situação mais complicada ficou o Lucas Duarte, que faz entregas para um supermercado da cidade. Encontramos ele andando pela avenida JK com um garrafão plástico nas mãos. Passou por vários postos e nada.

Em outros postos, cenário oposto. Cones em frente as bombas indicavam que o combustível já tinha acabado.

Depois de três dias de bloqueios nas estradas de todo o país, a situação passou a mobilizar entidades representativas de diversos setores da economia.

Na região Oeste do estado, vários frigoríficos anunciaram a suspensão dos abates de frangos, suínos e outros animais.

O Sindicombustíveis do Paraná emitiu nota informando que não há risco de desabastecimento nas maiores cidades do Paraná e que caso a paralisação continue podem ocorrer situações pontuais de desabastecimento. O Sindicombustíveis informa ainda que entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública e Polícia Rodoviária Federal pedindo segurança para os caminhoneiros que decidirem não aderir ao movimento.

O diretor do Sindicombustíveis de Londrina e Região, Cláudio Mônaco, se mostrou preocupado com a situação, orientou as pessoas a não abastecerem sem necessidade e chegou a dizer que a situação é cada vez mais caótica.

A Transportes Coletivos Grande Londrina informou que enviou um ofício à CMTU demonstrando preocupação com uma possível escassez de óleo diesel. Mas, a reportagem da CBN Londrina apurou que o estoque de combustível da empresa é pequeno, suficiente para apenas dois dias.

No fim da tarde, a CMTU divulgou nota afirmando que já tinha entrado em contato com o sindicato das empresas, o Metrolon, para que mantenha 100% das linhas e horários do transporte coletivo nesta quinta-feira e que em caso de continuidade da greve dos caminhoneiros uma nova avaliação será feita.

Ainda no setor de transporte, a Viação Garcia informou que tem estoque de diesel para três dias nas garagens da empresa. Mas, afirma que como não há abastecimento também vai enfentar problemas e já começou a se programar.

A Fiep divulgou nota informando que acompanha com preocupação a manifestação dos caminhoneiros em todo o país e entende que as reivindicações da categoria são justas, mas é preciso encontrar soluções para o impasse.

Para tentar acabar com a paralisação, o Governo Federal convocou uma reunião com seis entidades representativas dos caminhoneiros no Palácio do Planalto na tarde desta quarta-feira.

Mas a reunião acabou sem acordo. Os caminhoneiros deram prazo até sexta-feira para que o governo anuncie novas medidas. A categoria defende que seja alterada a política de reajustes do diesel, a redução do PIS/Cofins sobre os combustíveis e acabe com a cobrança de pedágio para os caminhões vazios. A promessa é de que, se até sexta-feira a categoria não tiver uma resposta, a mobilização da categoria vai aumentar.

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